“O
SAPO E O ESCORPIÃO”
Rejane
Martins
Era
uma vez um sapinho que encontrou um bicho bem curioso, quase transparente. As
duas pinças, logo definidas como patas, em conjunto com a parte frontal
pareciam descansar no solo. Delimitavam um círculo quase perfeito, a primeira
dedução do jovem sapo foi que ele era o guardião de uma suculenta jabuticaba, e
que ainda não tinha se apercebido do roubo. Mas o que mais o intrigava no
animal exótico, era a cauda que insistia ficar em riste com um intrigante
badulaque na ponta.
-
Olá! O que você está fazendo aqui na beira do rio?
- É
que eu perdi o sono e não quis acordar meus pais, então resolvi conhecer os
arredores.
- Eu
sou um sapo e me chamo Krog. E você?
-
Ah! Você é um sapo. Eu sou um escorpião, e meu nome é Portion. Você gostaria de
brincar comigo?
-
Claro, vamos lá. Quer apreender a pular, assim você chegará mais rápido aos
lugares, olha só.
-
Agora é minha vez, vou lhe ensinar as técnicas de karatê. Mas você precisa
ficar um pouco distante. É que eu não tenho muita noção do tamanho de minha
cauda e acabo machucando os outros sem querer.
Brincaram
o dia todo, até ficaram com fome, cada um rumou para as suas casas, prometendo
se encontrar no dia seguinte.
Em
casa, desajeitado ensaiava os passos da luta, para mostrar a sua mãe o que
havia aprendido.
-
Quem ensinou isso a você? Perguntou Dona Sapiona.
- O
meu novo amigo, o escorpião.
-
Você não sabe que nesta família não tem bons elementos? Eles carregam consigo
um potente veneno. Você está proibido de brincar com ele de novo. E pare com
esta dança ridícula, não fica bem em você.
Já
no outro lar, antes de saírem a procura de alimentos, o filhote queria mostrar
para os pais a nova técnica de se movimentar mais rapidamente.
-
Com quem você aprendeu isto? Indagou a Sra. Caudalosa.
- O
sapo do rio, hoje tornamo-nos amigos.
-
Que besteira! Você não sabe que nós nunca nos relacionamos com este tipo de
família, espero não viver o bastante para ver vocês juntos. E pare de pular.
No
dia seguinte cada filhote ficou no seu canto, se entreolhando e sentindo
saudades da alegria da véspera. Ambos sabiam que carregariam para sempre a
lembrança do único dia em que foram amigos.
Muitos
anos se passaram, o então adulto Portion aproximou-se de Krog que estava na
beira de um rio e lhe fez um pedido:
-
Colega, você poderia me carregar até a outra margem do rio, em nome de nossa
velha amizade?
- Só
se eu fosse louco!
-
Isso é ridículo! Nos conhecemos desde a infância. Além disso se eu o picasse,
ambos afundaríamos e eu não sei nadar.
Confiando
nesta lógica, o sapo concordou e permitiu que o peçonhento subisse nas costas,
iniciando a travessia.
No
meio do rio, o escorpião cravou o ferrão no sapo. Paralisando-o quase que de
imediato. Reunindo as últimas energias disponíveis, perguntou:
-
Por que você fez isto? Agora nós dois iremos morrer!
E o
escorpião respondeu:
-
Por que sou um escorpião, e me ensinaram a seguir a “minha natureza”.
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