SEGREDINHOS
INOCENTES
Do Carmo
Na época em que eu estava na adolescência, era muito comum a garota ter
um “Diário Secreto”, onde confessava seus flertes, seus inocentes amores e
sonhos românticos. Comigo não foi diferente.
Sempre gostei de escrever e ter essa oportunidade de relatar meus
devaneios juvenis, foi uma maravilha.
Todas as noites, ao recolher-me em meu quarto, pegava meu Diário que era como um caderno, porém com a capa da
frente almofadada e colorida com a inscrição em letras douradas – MEU DIÁRIO -.
Eu o mantinha em máxima segurança, bem escondido no meio de minhas
roupas de dormir, ninguém mexia nessa gaveta, pois mamãe nos ensinou, minha
irmã e eu, desde pequenas a cuidar de nossas coisas. Ela sempre supervisionava,
mas nunca vasculhava, então, meus segredos estavam a salvo.
Porem certa vez, uma amiga de minha irmã, veio passar férias em casa, que
muito atrevida, bisbilhotou em meu
guarda roupas, sem consulta a amiga.
Ah! Yeow! Uau! Que surpresa ao abrir minha gaveta para pegar meu querido
Diário! Meus pijamas estavam todos revirados e meu precioso amigo bem a vista e
aberto, com algumas folhas amassadas.
Atônita, comecei a chorar. Minha irmã, também com olhos molhados de
remorso, veio ao meu quarto e abraçando-me ternamente pediu desculpas pelo
atrevimento de sua amiga. Disse-me muito comovida que a proibira de comentar
sobre o que havia lido, com a promessa de revelar aos seus pais o verdadeiro
motivo do rompimento da amizade tão antiga.
Envergonhada e sinceramente arrependida, desculpou-se e prometeu que sequer
pensaria no que havia lido. Disse também que essa sua atitude abusiva, serviu
para que ela revisse seu comportamento. Não romper a amizade.
Aliviada com o desfecho desse episódio, comentei vagamente, com minha
irmã e minha mãe, o que eu mantinha em segredo.
Pelos olhares que elas trocaram, senti que o fato de relatar meus dias,
para nunca esquecer o quanto foi feliz minha juventude, colocou um ponto final
amigável no assunto.
Felizmente, tudo o que eu senti e vivi na adolescência, somente a mim
continua pertencendo.
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