APEGO, NÃO !
CARINHO, SIM !
Do Carmo
É voz corrente ser próprio dos
idosos, o conceito de apego a objetos ou lugares.
Sob meu ponto de vista, julgo muito radical essa afirmação, uma vez que
eu, orgulhosamente, sinto-me desapegada de coisas materiais, mesmo contando com os setenta e oito anos vividos, muito
felizes.
Eu tenho, aqui em minha casa, três objetos que guardo com muito carinho,
pois eles me foram dados um pelo meu pai e outro por minha mãe.
Em destaque, logo na entrada
social do meu apartamento, este pendurado um relógio cuco, entalhado em madeira
com cachos de uvas o qual foi presente de meu pai para minha mãe, quando
completaram quinze anos de casados, em mil novecentos e trinta e cinco. Eu
ainda não havia nascido. Sempre ele dizia que seria meu um dia.
Na parede oposta ao relógio, na
entrada da sala, tem uma mesinha, com um camelo sobre ela, carregando uma
tendinha nas costas, entalhados igualmente em madeira de lei. Mamãe ganhou como
lembrança de umas amigas, nossas vizinhas, com as quais eu muito me diverti
quando pequena, pois as tardes eu ia a casa delas e entre biscoitos, bolos e
refresco, eu ouvia histórias, algumas lidas outras inventadas. A mais velha
sempre dizia que essa mesinha com o camelo, seriam meus.
Diante disso, tenho certeza que o amor e carinho que sinto por essas
três peças, não são apegos compulsivos
de idoso mas sim, uma lembrança muito querida.
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