MINHA
AFLIÇÃO
Do Carmo
Finalmente encontrei o que tanto procurava: meu diário de adolescente.
Jamais poderia imaginar que estivesse em lugar tão óbvio, tão fácil de
ser encontrado, tanto que hoje, casualmente o encontrei. Para minha
felicidade fui eu que encontrei, poderia
ser qualquer pessoa daqui de casa. Ufa! Que sufoco!
Pensando bem, até que na estante de livros do escritório de meu marido, não
seria um esconderijo seguro, mesmo nunca esses livros são consultados.
Agora, depois do mar revolto de pensamentos, que meu coração passa, por tê-lo encontrado tão à vista, de inquieto
torna-se nostálgico.
Folhei-o e a garota de dezesseis anos, toma conta desta senhora, revive
momentos de floridas alegrias, românticos encontros, amorosos passeios, bem
como, festas e bailes, ardentemente esperados e sonhados mesmo com as
angustiantes expectativas de ver meus sonhos desmoronados, pela ausência do meu
flerte.
Toc! toc! Alguém está chegando, vou colocá-lo onde estava e fingir que
procuro um livro qualquer.
Arre! Deu tempo! Mas que tola sou. Não notei que os passos que ouvi
vinham das patinhas do Dunga, o cãozinho do meu neto Rodrigo.
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