São Paulo, 9 de agosto de
2018.
Querido Otavinho,
Vou
lhe contar um segredo, mas não conte para ninguém, por favor...
Embora
eu seja sua avó, eu não sou exatamente uma velhinha convencional: eu às vezes
finjo! Hahahaha!!!
Faço
isso para não constranger os daqui de casa: afinal, toda família precisa de uma
boa velhinha, que se abrigue em xales e meias de lã.
Sua
mãe, meu neto, precisa sentir-se ocupada, tendo alguém para levar ao médico.
Seu
pai, para não se sentir culpado, precisa mostrar que se importa.
Temo
por eles, estão envelhecidos e infelizes...
Então
colaboro, arrastando chinelos ruidosos que me fazem parecer mais idosa do que
realmente sou.
Creio
que só você, Otavinho, na inocência dos seus sete anos, poderá me entender...
Pois
bem: atrás dos meus ralos cabelos brancos, mora um desejo púbere de viver!
E
esse desejo, se revela enquanto todos dormem!
Nessa
hora a tenra garotinha que mora em mim, salta do trampolim do meu peito, dá
muitas piruetas e me faz sorrir, divertida!
Depois
corre o quintal e se assenta à sombra da laranjeira para contar as estrelas,
enquanto deixa o caldo da fruta escorrer-lhe pelo queixo.
E
nesse momento não tenho rótulos: não sou senhora, nem “dona”... eu apenas me
torno essa menina, para quem a felicidade
é atemporal.
Mas
ninguém entenderia...então não vale contar!
Beijos, vovó
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.