Coelhinho
Digital
Rejane Martins
Maria Rita sempre preservou as ilusões doadas
pelas lendas infantis, que promovem a felicidade da criançada.
Na mais tenra idade de sua filha Beatriz, ela
se incumbia juntamente com a menina de no sábado de aleluia à noite, preparar um
ninho para o coelho da páscoa.
Fazia questão de alertar que era imprescindível
abastecer com uma cenoura e água, o suficiente para que o coelho, então um
animal muito cansado de tanto trabalhar, pudesse restabelecer suas forças e
assim cumprir sua missão e atender a todas as crianças naquela noite.
Assim que Bia pegava no sono, Maria Rita
mordiscava a cenoura, e deixava um pedaço cheio de marcas de dentes jogadas no
ninho, a água era despejada na pia e o pote colocado displicentemente no local.
Mas no lugar mais importante do ninho o Ovo de Chocolate imperava, esperando
pelas mãozinhas que logo acabariam com toda aquela imponência.
Bia adorava todo aquele ritual, acreditava
piamente na sua existência assim como a do Papai Noel, era gratificante para
sua mãe ver os olhinhos brilhando quando indagava se ela tinha visto o
coelhinho entrar em sua casa.
Quando Bia já estava alfabetizada, a mãe decidiu
que chegara o momento da elaboração uma gincana. Espalhou pela casa várias pistas, cada uma
encontrada indicava o local da próxima,
até o “gran finale” que era uma cesta com o ovo de chocolate e uma carta do
Coelhinho da Páscoa endereçada especialmente para a garota.
A manhã daquele domingo foi especial para
todos na casa. Empenhados em decifrar as pistas, todos corriam para o local da próxima e se
divertiam com a brincadeira.
Ao final, Beatriz abriu a carta leu o texto,
que sem sombra de dúvida fora escrito pelo representante da Páscoa, pois estava
assinada com sua patinha direita.
Terminada a leitura, a menina meio
desapontada, virou-se para seus pais e comentou:
— Como poderei agradecer, ele esqueceu de anotar
o seu e-mail na carta.