Um brinde à descoberta
Hirtis Lazarin
Olhei para
o relógio e os ponteiros do relógio já marcavam 1:30 horas da manhã. O
calor era tanto que expulsou meu sono.
Abri a janela do meu quarto e lá estava a lua cheia, cheia de
beleza. Há tempos não a via assim explodindo de felicidade. Parecia
tão perto de mim que, quando me dei conta, eu estava na ponta dos pés, braço
esticado tentando apalpá-la. Senti vergonha desse gesto tão infantil.
Lá embaixo, as ruas bem iluminadas e solitárias. Muitas árvores
copadas. As folhas aquietadas nos galhos por conta da ausência de uma
brisa que as acalentasse.
Muros de concreto, janelas de edifícios e casas vizinhas.
Vários containers sobrecarregados com pedaços de tijolos e de madeira que
já foram paredes, portas e janelas. São histórias de famílias antigas do
bairro que desabam, se misturam à espera daqueles que as enterrarão.
Meus olhos buscam e, no prédio em frente, encontro uma sacada iluminada.
A única. Fixo atentamente os olhos e distingo a figura de um rapaz. Na
mão uma garrafa de cerveja. "Boa ideia”. Corro até a geladeira
e imito-o naquele silêncio sem o latido de um cachorro assustado, sem o pio de
uma ave noturna.
Brindo sozinha a descoberta.
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