Da janela
Ana Catarina Sant'Anna Maués
Da janela lateral do meu quarto, eu o vejo
todas as tardes. De onde virá? Para onde irá?
Será que carrega algum empresário famoso?
Será que disfarça malotes de dinheiro sujo? Talvez seja contrabandista de
armas? Não, não, por certo derrama todas
os dias pétalas de rosas para alguma amada?
São tantas indagações todas as vezes que o contemplo
reluzindo ao sol, mas hoje ouso apostar que ele passa para me ver, observar
minha janela lá de cima, pois eu aceno todas as vezes e ele, por certo, já
espera por isso, não conseguindo mais viver sem essa visão.
Do alto ele não enxerga meus cabelos alvos
em neve, nem as maçãs enrugadas do meu rosto, mas nem por isso menos
ruborizadas com a ansiedade de um dia ele chegar próximo e trocarmos juras de
amor com olhinhos faiscantes de emoção.
Eu e meu piloto desconhecido mantemos um elo,
a altura não é empecilho para a paixão.
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