Acerto
de contas
Henrique Schnaider
A cena é forte e violenta. O rico empresário recebe
3 tiros a queima roupa e cai morto no chão. O sangue se espalha e tinge o
assoalho, duas pessoas se retiram rapidamente.
O rabecão da polícia de São Paulo, levando o corpo sob
os olhares da filha Siena, consternada. Coração partido, a relação com o pai não era boa, mas não era
fácil para ela viver essa cena tétrica.
Siena nasceu em berço de ouro, vida boa, filha
mimada de um rico empresário. Joel era casado
com Jacira miss São Paulo do ano que se casou, mulher bela, loura, porém, fútil.
A infância da menina foi de mimos e caros brinquedos
vindos das tias que compensavam a falta de atenção dos pais.
Joel era um empresário ocupado, dispunha de pouco tempo para a filha e nada
para a esposa. O casamento deles virou uma rotina sem sentimentos. Dando margem
para Joel partir para aventuras extracasamento. Siena era filha única e passava
boa parte do tempo com sua babá a quem se afeiçoou muito, praticamente a
adotando como mãe.
Nos estudos Siena ia muito bem, excelente aluna e se
destacava sempre entre as primeiras da classe. Mas não via reconhecimento dos
pais e nem incentivo, só recebia elogios das tias que reconheciam o valor da
boa aluna que era e por isso ela se motivava cada vez mais.
Quando ela atingiu a adolescência os problemas
começaram. Siena não tinha uma boa relação com o pai incompreensivo. Constantemente
entravam em sérios atritos, inclusive a moça chegou a receber tapas na cara, do
pai que não sabia lidar com a rebeldia que toda adolescente normalmente passa.
Praticamente não se falavam tornaram-se dois
estranhos. Chegaram a se odiar, o diálogo era letra morta.
Coisa rara era alguma refeição que melhorasse a
relação da família, onde estivessem presentes os três familiares marido, mulher
e filha.
Já na Faculdade, de Direito no Largo de São
Francisco. Siena conheceu Paulo. Apaixonou-se por ele e aconteceu um tórrido romance.
O pai dela quando soube do namoro, não aceitou e as brigas eram diárias cada
vez mais violentas.
Para piorar as coisas Siena engravidou. Resolveram
ela e o namorado, que o melhor a fazer era, casarem-se antes do nenê nascer e
seria com a benção ou não do pai.
Siena resolveu ir ao escritório do pai contar sobre
a sua gravidez e a intenção de casar-se. Entrou no escritório e por
coincidência sua mãe estava presente:
— Pai e mãe preciso contar-lhes algo que talvez não
seja do agrado de vocês. — Estou grávida. E eu o Paulo
resolvemos que vamos nos casar antes do menino nascer, e espero a vossa benção
para que a nossa felicidade seja completa. Joel olhando fixamente para a filha
falou:
— Eu nunca vou abençoar este casamento, eu sempre
fui contra e você nunca me ouviu, portanto, ponha-se daqui para fora e de hoje
em diante não será mais minha filha.
Neste momento ouvem-se
três tiros, e Joel cai morto. Siena sai
e se afasta rapidamente do local dirigindo-se a delegacia de polícia. Parou o
carro antes e ficou um tempo pensando. Será que confessaria o crime?
Quando Siena chega à delegacia, lá estava sua mãe
que naquele momento acabava de confessar o assassinato do marido. Por motivo de
ciúmes, já que Joel tinha uma amante e ela resolveu dar um fim àquela situação.
Joel foi enterrado num caixão de alto luxo e com
todas as pompas que o dinheiro pode dar, apesar de ter tido um triste fim.
Siena casou-se com Paulo e sua mãe não pode
comparecer ao casamento, pois estava presa, mas feliz da vida, pois além de ver
a filha bem. Ela iria ser avó de um lindo menino.
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