A
VINGANÇA DE ROSE
Claudionor Dias da Costa
Quando jovem eu e meus amigos
gostávamos muito de filmes e histórias sobre o Velho Oeste Americano. Seus
heróis, índios, caravanas e lutas povoavam
nossas fantasias e eram assuntos que nos empolgavam por horas.
Num dos nossos encontros
povoados de devaneios e comentários, um dos amigos trouxe um livro comprado num
sebo que narrava a vida da jovem Rose, que viveu numa das regiões inóspitas que
nos cativavam. E aí começa a saga.
Rose começa contando que com
idade de dezessete anos foi com sua mãe, ao centro do lugarejo comprar alguns
mantimentos para a casa com o carroção da família. Moça destemida que não se
importava de enfrentar a estrada poeirenta, deserta e perigosa. No retorno no final da tarde se deparou com a
cena mais chocante de sua vida. A casa incendiada, seu pai estava morto junto
ao depósito, cavalos e parte do gado roubados e muita devastação. Por sorte,
seus dois irmãos menores haviam ido para a escola a duas milhas de distância e
retornaram pouco depois e se desesperaram com o ocorrido.
Foram
acolhidos em casa de vizinhos. Ainda chocados com o acontecido foram sendo
informados pelo xerife local de que o bando de Charles, chamado de “O cruel”
fora responsável e que teria atacado outras propriedades.
Rose se martirizava lembrando a vida difícil
de seu pai. Ele ficou viúvo jovem e migrou para o Texas, onde se casou novamente,
tendo três filhos sendo dois homens e ela. Com muita dor, não se conformava com
tamanha injustiça e o crime absurdo cometido que destruiu sua família.
Com o passar dos dias, a revolta
profunda só aumentou e um sentimento de ódio contra aqueles bandoleiros passou
a dominá-la. Prometia a si mesmo que não ficaria impune o que ocorreu e que
eles pagariam caro pelo que fizeram. Passou a se torturar em pensamentos do que
fazer.
Para reorganizar sua vida, da mãe e
dos irmãos depois de algum tempo resolveu pedir ajuda aos índios Apaches, que
mantinham uma distância estratégica do pequeno lugarejo e viviam numa grande
área se dedicando a agricultura e criação de búfalos. Nessa época a convivência
deles já estava um pouco mais tranquila com os homens brancos, como diziam.
Tinham muita amizade com o pai de Rose e estabeleceram uma grande convivência a
ponto de toda a família dela participar de festas naquela tribo.
Enquanto procuravam reformar aos
poucos a fazenda devido ao grande estrago, moraram com os Apaches sendo todos
bem recebidos.
A indignação e tristeza da família,
contagiou os índios que também não toleravam o grupo de Charles, “o cruel” por
tudo que vinham fazendo. Contudo, escapavam e fugiam para outras regiões sendo
difícil enfrentá-los.
Depois de dois meses, souberam que
aquele bando estava próximo.
Liderados pelo cacique, que reuniu quinze
companheiros elaboraram plano de fazer uma emboscada ao bando. E assim partiram
para o grande desfiladeiro. Rose fez absoluta questão de acompanhá-los, mesmo com
os conselhos contrários. Ficaram acantonados distribuídos num semicírculo no
alto do penhasco. Abaixo, pequena estrada que rodeava o vale muito alto.
Permaneceram numa angustiante espera de três horas.
De
repente, avistaram após a curva o terrível bando, tendo à frente o famoso bandido
“o cruel”.
Ficaram
em tal silêncio que só se escutava o assobio do vento. O cacique olhou para
Rose e viu que os olhos dela faiscavam de apreensão, mas com grande dose de
ódio. Ele seria o primeiro a disparar, contudo ela gesticulou pedindo preferência
para isto.
Rose
estava acostumada a manejar armas, ensinada bem jovem pelo seu pai. Naquele
instante pensou muito nele e em suas aulas. Assim, mirou a “um palmo e meio
abaixo da ponta do chapéu”, conforme aprendeu. Concentrada, respirou fundo e
atirou. O ruído ecoou pelo vale.
Os
cavalos se assustaram, alguns tombaram e puderam ver o corpo de Charles,” o
cruel” despencar pelo vale. Enquanto isto, os apaches passaram a atirar.
A
confusão se estabeleceu e os bandidos foram sendo abatidos. Alguns caíram com
os animais no despenhadeiro. Depois de alguns minutos só se ouvia novamente o
assobio do vento rompido por grandes gritos dos índios que comemoravam.
O
cacique abraçou Rose, que chorava num misto de desabafo e liberdade por ter
cumprido a promessa que havia feito a si mesma. E ele lhe disse:
− Seu pai terá paz junto ao “Grande Espírito da
Montanha” e você também.
Eu e
meus amigos nos entreolhamos sensibilizados pelo final da história real de uma
grande vingança da moça Rose ocorrida naquelas terras do faroeste.
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