Sons
ao redor
Jany Patricio
Sábado
à tarde. Marcia liga o aspirador que sufoca o som da música. Continua dançando
no embalo do samba. Cantarolando Maria Rita ela se empolga na faxina.
Seus ouvidos apurados percebem o barulho de chaves. É Rogério
chegando com sacolas de supermercado que ao tocarem no chão revelam o som de
garrafas.
Sempre correndo. Trabalho, pós-graduação, academia, feira,
mercado, cuidar de Bob, seu gato, ela não costumava prestar atenção nos sons da
vizinhança. Só às vezes, quando latidos de cachorros ou disparos de alarmes
atrapalhavam seu sono.
Porém, num sábado à tarde, após terminar a limpeza da casa,
tomar banho, e descansar no sofá, um som de bolero sorrateiramente entrou pelo
vão da porta da sala.
Lembrou-se das aulas de dança que parou de fazer desde que
iniciou a pós.
Desde então começou a observar os sons ao redor. Bolero,
tango, samba e outros ritmos tocavam no apartamento vizinho aos sábados.
Na
semana, ele saía cedo e ela chegava tarde.
Numa segunda-feira, após participarem da assembleia do
condomínio desceram juntos no elevador comentando sobre os assuntos da reunião.
Pararam no mesmo andar. Olharam-se com surpresa.
- Você mora neste?
- Sim.
- Damas primeiro.
- Obrigada.
Seus passos seguiram na mesma direção.
- Somos vizinhos!
Sorriram.
- Boa noite, Márcia
- Boa noite, Rogério
Na semana seguinte iria ter uma festa na academia de dança do
bairro. Convidada por uma amiga, Márcia foi espairecer.
Quando chegou ao salão tocava um bolero. Avistou Rogério
vindo em sua direção.
- Você frequenta aqui?
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