DESTINO
ALTERADO
M.Luiza de C.Malina
- É evidente que é no meu,
e continue a me chamar por senhora.
- Por que evidente, e por
que “senhora”?
- Porque já percebi que o
senhor é um tanto entrão.
- Eu? Não, não. É a
senhora.
- Ora! Vamos dizer que
somos nós dois.
- É vamos dar a mão à
palmatória. Afinal somos dois ratos de lixo alheio.
- E quanto ao lixo: no meu
ou no seu?
- No seu, estaremos na sua
cozinha. Sabe... A senhora não é boa observadora.
- Como assim?
- A senhora se apega a
detalhes, não ao essencial.
- Então... Diga-me onde
falhei.
- Aprecio bons vinhos. A
garrafa sempre está no lixo. Nunca a rolha.
- E o que tem a ver a
rolha com o lixo?
- Nada. Nada mesmo. Está
vendo como a senhora não sabe nada sobre mim!
- E daí? Por um acaso,
pinta seus bigodes com ela?
- Ah! O seu senso de
humor... hahaha! A senhora perceberia através da falta da rolha, que sou um
colecionador.
- Colecionador... Garanto
que enche a casa de tranqueiras.
- Ah! este senso de
humor...
- Como assim?
- O lixo é tão descartável
quanto a senhora.
- Explica.
- Fácil. O que vai pro
lixo é descartável. Acho que é melhor
não tirarmos conclusões com o lixo alheio. Passe bem!
Por coincidência, nunca
mais colocaram o lixo em seus andares.
(Trabalho criado sobre a crônica O Lixo - de Luís Fernando Veríssmo)
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