A
MAGIA DENTRO DO ESPELHO!
Dinah Ribeiro de Amorim
Carlinhos começou a olhar fixamente para o
espelho do armário. Estava na adolescência, idade crítica, quando se observa
qualquer espinha ou sinal novo que aparece no rosto.
Sua imagem refletida, mostra também, objetos
pessoais, livros colocados em uma estante, sua cama, alguns cartazes de shows e
esportes radicais.
Tanto olhou que, de repente, as coisas
começaram a se mexer, dentro do espelho. Os objetos voavam e circulavam a sua
cabeça, a cama arriou, os cartazes caíram ao chão como se tivessem sido arrancados
e, seus livros prediletos, ah! Seus queridos livros, se abriram, saltando deles
personagens assustadores.
Homens usando armaduras e capacetes, com
espadas na mão, gladiavam-se. Feras bravias, raivosas, famintas, ameaçavam
avançar sobre ele. De um livro, um vampiro, horroroso, maquiavélico, olhava-o
gulosamente, desejoso de sugar seu sangue. Morcegos barulhentos o acompanhavam,
abrindo suas asas escuras e brilhantes, escurecendo o dia. Com dentes aguçados,
lotaram o quarto.
O menino, desesperado, não conseguia fugir
nem desviar seus olhos. Estava paralisado, aguardando coisas piores ou o seu
fim. Queria gritar, chamar seus pais, mas não conseguia.
Alguns livros ainda não tinham sido abertos
e, Carlinhos, antevendo o que haveria, conhecedor dos conteúdos, acreditou que
sua hora chegara!
“Por que comprara esses livros!” Pensa ele,
arrependido.
Realmente, de outro livro, surge uma mulher
diabólica, meio bruxa meio fera, de olhar faiscante, cabelos vermelhos
semelhante a fogo, soltando baforadas de fumaça, apontando uma varinha em sua
direção, firme, com garras no lugar de mãos, ameaçando-o transformá-lo num sapo
com gargalhadas estridentes.
De repente, para seu espanto, abriu-se um
livro da infância “A Casa Sonolenta”, esquecido no meio daqueles outros. De dentro
dele saíram a vovó de vassoura na mão, expulsando os gladiadores e a bruxa, com
um grito. O cachorro amigo, com seus latidos, expulsa os morcegos invasores e o
vampiro. As feras raivosas se encolhem medrosas com o gato e o rato, fugindo
para dentro do livro. A pulguinha, graciosa e saltitante, que acordara todos
eles para auxiliá-lo, dá-lhe uma coceirinha no pescoço, libertando-o daquela
alucinação.
Tudo volta ao normal! Carlinhos acalma-se.
Que bom ter conservado aquele inocente livro
da infância! - Pensa.
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