Janela, janelinha, me diga o que tens para mim. Revele-me teu corpo,
teus olhos, tuas cicatrizes.
Janela, janelinha, ouvi
dizer que já pegaste muitas chuvas. Ouvi falar que contra ti pedras foram
lançadas.
Diga-me, janelinha: dói
ser tão desprezada?
Escutei teu grito ontem à
noite e me perguntei o porquê de não fugires dessa casa? O porquê não te vai
embora?
Então, lembrei-me de que
desde seu nascimento está presa a isso tudo.
Lembrei-me de que há no
mistério da vida um vasto oceano com todos os teus segredos…
Inerme, foi-te destruída
pelas mãos dos homens e, hoje, ouço seu choro na fria madrugada.
A tristeza tem família
grande e sei que dizer que “tudo vai passar” é um ato de crueldade contra ti.
Portanto, minha cara
janelinha, dou-te apenas minhas condolências.
Rezo para que se cure e
uma nova casa encontres.
Siga em frente, meu doce
lírio-do-vale, siga em frente.
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