A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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segunda-feira, 24 de junho de 2024

A lenda de Barba Negra - Alberto Landi

 



A lenda de Barba Negra

Alberto Landi

 

No auge dos tempos dourados da pirataria, havia um temido capitão que aterrorizava os mares do Caribe e saqueava vilas. Era temido pelos marinheiros e comerciantes de todas as nações, seu nome Barba Negra.

Com sua barba longa emaranhada e encharcada de rum e fumaça de tabaco, ele comandava um navio negro como a noite, batizado de Pérola Negra.

Os relatos sobre ele eram repletos de horror. Dizia-se que ele possuía um olhar capaz de congelar o sangue nas veias de qualquer homem e que seus risos ecoavam como trovões em meio a tempestades, ele era um vulcão de raiva, pronto para entrar em erupção a qualquer momento, a raiva queimava dentro dele como fogo selvagem. Costumava ter pistolas em volta do peito, amedrontando todos.

Seu navio era decorado com caveiras e ossos, e os poucos sobreviventes dos seus ataques afirmavam que a tripulação era composta por fantasmas e demônios.

A bandeira com a imagem de uma caveira com os ossos cruzados é conhecida como um símbolo associado à pirataria. A imagem da caveira representa a morte, enquanto os ossos cruzados simbolizavam a mortalidade humana. Era usada para intimidar as vítimas em potencial, sinalizando que os piratas estavam dispostos a lutar até a morte. Não era por acaso que não havia quem não temesse ao ver flutuar a bandeira representando um esqueleto.

Era uma noite com muito nevoeiro quando o navio fantasma foi avistado ao longo da costa lançando uma sombra tenebrosa sobre a pequena vila costeira.

Os moradores, apavorados, se apressavam em trancar as portas e janelas, rezando para que esse terrível pirata sanguinário não escolhesse a vila como seu próximo alvo.

A pequena comunidade se manteve em silêncio, esperando pelo pior, até que uma figura enigmática encapuzada emergiu da neblina que atingia a vila naquele momento e se dirigiu ao navio fantasma, agora atracado no pequeno porto que ali existia.

Era um marinheiro conhecido como capitão Locker que já havia enfrentado há algum tempo alguns corsários.

Com os olhos bem fixos e determinados, ele desafiou o valente pirata para um duelo.

Foi muito intenso o confronto com espadas reluzentes sob a luz do luar.

Os moradores ainda apavorados assistiam segurando a respiração, enquanto as laminas de aço das espadas tilintavam no ar.

Com um golpe certeiro, Locker conseguiu desarmar e vencer o valentão que, caído ao chão, não mostrou raiva e ainda deu uma risada estrondosa, dizendo:

— Você é muito digno de me enfrentar, enquanto estendia a mão em sinal de respeito e amizade para Locker.

O pirata fez um juramento ao marinheiro de nunca mais ameaçar qualquer vila ou outro assentamento costeiro, desde que sua vida fosse poupada.

Agora a alegria em seus olhos era como um nascer do sol radiante após uma longa noite.

A risada era como uma melodia, que cativava as pessoas ao seu redor.

Desde então seu nome passou a ser lembrado não apenas pelo medo que inspirava, mas também pela lenda do capitão que encontrou redenção e paz nos mares revoltos e tumultuados do Caribe!

 

SUSTO À PRIMEIRA VISTA - Vanessa Proteu

 



SUSTO À PRIMEIRA VISTA

Vanessa Proteu

 

Ana, de repente, ouve um barulho na cozinha e vai verificar. É noite e o relógio na parede começa a badalar. Ela se vira e se depara com um vulto. Ana corre desesperadamente e abandona a casa alegando haver nela uma figura estranha capaz de causar pavor e desespero em quem mora lá. Essa é a lembrança da última vez que Alfredo, um jovem fantasma, conseguira assustar alguém.

Ele está indignado, pois nos últimos tempos, suas tentativas de causar pânico nas pessoas não estavam funcionando como antes. E o famoso “buuuuu!” já não era mais tão assustador, nem mesmo os grunhidos no meio da noite. Sem emprego, sem diversão, esse fantasma carioca estava meio deprê.  Há tempos não aparecia nenhum morador na sua casa na rua do ouvidor, número 100. Alfredo trancara-se no porão, pois já havia desistido da vida, se é que podemos dizer que assombração tem vida.

Numa manhã, porém, ele ouviu uma movimentação estranha:

— Mermão, o que será isso? — perguntou a si. Para sua surpresa, era a família de Brenda, uma adolescente mimada e cheia de manias, obcecada por beleza e exageradamente fresca.

Alfredo logo se animou:

— Agora sim... Mas como vou fazer para espantá-los? Faz tanto tempo que não faço isso, cara! Vou precisar de um plano.  Já sei, quando a galera estiver dormindo, eu derrubarei algumas coisas, faço as portas se baterem e, quem sabe, até faça as luzes piscarem. Mas, e quando eles me virem?  Hum... Deixa eu pensar... Acho que vou dar uma gargalhada bem forte que até as janelas vão tremer. Vai ser “daora”, meu!  Mal posso esperar. Ansioso, Alfredo anda de um lado para o outro, atravessando as paredes e esfregando as mãos.  Ah, ele ficou muitíssimo animado com aquela movimentação! À medida que o sol se despedia, o relógio fazia tic-tac, tic-tac e a noite se aproximava, o nosso temido fantasma se preparava.  Trovões e relâmpagos abrilhantavam o show. Nada daria errado. — Será que eu uso branco ou preto? Nossa, como sou indeciso! É melhor eu usar preto, pois o branco está fora de moda e quem usa branco é o Gasparzinho, o fantasminha camarada. Eu não quero parecer com ele.

Ao cair da noite, pelas mãos da tempestade, as luzes se apagaram e Alfredo começou o seu espetáculo. As velhas portas rangiam como se sentissem dores, as cortinas sacudiam e cada membro da família se arrepiava. Estava dando tudo certo. Alfredo estava pronto para sua aparição no quarto de Brenda e assim que ele atravessou a parede...

— Ahhhh !!! — ouviram-se gritos. No clarão dos raios, eles finalmente se viram. Brenda usava uma máscara facial marrom, rolinhos no cabelo e um roupão roxo. Ambos gritaram. Foi susto à primeira vista.

 


quarta-feira, 19 de junho de 2024

Amália e o fado de Lisboa - Alberto Landi

 


Amália e o fado de Lisboa

Alberto Landi

 

 Era uma vez numa Lisboa mágica e cheia de encanto, uma fadista de nome Amália. Ela era como a própria cidade, cheia de mistérios, histórias e paixões. A origem do fado remonta aos bairros históricos de Lisboa, como Alfama, Mouraria e Bairro Alto.

Ela caminhava pelas calçadas do Chiado, onde o fado ecoava pelas vielas estreitas.

Assim como Lisboa, ela tinha uma alma antiga, carregava consigo as memórias de tempos passados. Ela era a personificação da saudade, da força e da beleza que a cidade representava.

Nas noites de verão, ela se sentava a beira do Tejo, nas proximidades da Torre de Belém, contemplando as águas que refletiam a luz das estrelas. Rio dos poetas, inspiração para versos e canções, símbolo da alma lusitana, eterna fonte de encanto e esperança.

Ela sabia que a cidade carregava em si o peso da história e a promessa de um futuro brilhante.

Seus olhos brilhavam como as sete colinas de Lisboa e sua presença era tão importante quanto o Castelo de São Jorge. Ela era a personificação da alma da cidade, uma mistura de tradição e modernidade, de melancolia e alegria.

E assim ela e Lisboa se fundiam numa só essência, representando a beleza e a magia que só uma artista como ela poderia carregar, tornou-se num ícone cultural em Portugal.

Quando interpretava o fado tocava o coração de quem a ouvia., transmitindo uma intensa emoção.

E assim, ao som das guitarras portuguesas e de sua voz, as ruas de Lisboa se enchiam de emoções e saudades. Cada nota do fado ecoava como um lamento antigo, entrelaçando-se com a história da cidade.

No coração da capital portuguesa, o fado continuava a tecer suas melodias, mantendo viva a tradição e o sentimento único que somente Lisboa e Amália poderiam expressar.

 

Deixou um legado que continua a inspirar gerações de músicos e apreciadores do fado em todo o mundo!

segunda-feira, 17 de junho de 2024

DICAS DE SITES INTERESSANTES PARA NAVEGAR OU PARA UTILIZAR

 

 DICAS DE SITES INTERESSANTES PARA NAVEGAR OU PARA UTILIZAR:


1 - GOOGLE ART:

Um canal de viagem pelas mais diversas fontes de artes do mundo. 

https://artsandculture.google.com/



2 - GOOGLE EARTH:

Veja os países, cidades, bairros, em todos s seus pontos. Aumente ou diminua a tela. Faça pesquisas. Navegue sem fronteiras.

https://earth.google.com/web/@38.945232,11.70781482,-914.99603897a,2755522.04445273d,35y,0h,0t,0r/data=OgMKATA



3 - RIMAS:

Sabe aquele momento que faltam palavras? Para os poetas, indico para quem busca uma rima para a poesia que está nascendo: 

Site de rimas 








4 - CONVERSÃO DE ARQUIVOS: 

Você recebeu um arquivo no PDF, mas precisa fazer alteração e transformar em Word? Este site é gratuito.
Para converter um arquivo PDF em WORD:
Neste site você também faz conversão de DOC (Word) para PDF. 
De PDF para JPG (imagem), e vice-versa.
Explore!

https://pdf2doc.com/pt/



5 - QR CODE FÁCIL E GRÁTIS:

Para criar um QR CODE de um endereço, de um cardápio, de um lugar, site, ou seja, lá o que for, é muito fácil neste site.

https://qrcodefacil.com/


6 - CORRETOR DE TEXTO GRÁTIS:

Este site ajuda a enxergar algumas falhas do texto. Não é perfeito, mas ajuda.

Ele tem a versão gratuita, embora a versão paga, como em todos os casos, seja mais completa:

https://languagetool.org/editor/new



7 - CALCULE SEM PROBLEMAS:

O site CÁLCULO EXATO ajuda a fazer conversão de medidas de velocidade, de área (superfície), de volume, fuso horário  e tantas outras possíveis utilidades:  

https://calculoexato.com.br/parprima.aspx?codMenu=ConvMassa


8 - CÁLCULO PARA PAGAMENTO ÀS DOMÉSTICAS:

Precisa de uma ajudinha com os cálculos:

https://www.conexaodomestica.com.br/calculadora-de-salario.html



sexta-feira, 14 de junho de 2024

Um legado a ser seguido - Alberto Landi

 

 



Um legado a ser seguido

Alberto Landi

 

Caminhando por alguns locais da cidade de São Paulo, observava atentamente a agitação ao meu redor.

Andava por praças, jardins, e percebia pequenos gestos que revelavam o legado deixado por pessoas comuns.

Numa das praças, observei um mural colorido repleto de mensagens de encorajamento e solidariedade criados por artistas anônimos, que não tiveram chances e oportunidades de aparecerem na mídia, mas inspirados pela empatia e compaixão.

Deparei-me com um grupo de crianças brincando em um jardim revitalizado por voluntários da vizinhança, cuidando da preservação do meio ambiente, uma atitude que poderá ser transmitido para gerações futuras, ao mesmo tempo, criando um espaço de alegria e aprendizado.

A noite chegou, observei abrigo em centros comunitários onde voluntários ofereciam refeições quentes e apoio emocional em pessoas moradoras de rua.

A atitude deixada por elas era realmente uma herança de amor.

Eram palavras de encorajamento, gestos altruístas, que faziam diferença numa cidade grande como São Paulo e tocavam o coração de quem as recebia e daqueles que eram acolhidos.

Todas essas atitudes, movimentos dessas pessoas representa para mim um tesouro inestimável que me inspira a seguir adiante com esse exemplo, um grande legado!

 


OLHA A VACA! - Alberto Landi

 





OLHA A VACA!

Alberto Landi

 

Nicola, um senhor aposentado, morador do interior de SP, diariamente costumava se reunir com amigos na praça para um bate-papo, jogar dominó e saborear um cafezinho na confeitaria.

Um dia, decidiu consultar um vidente que o alertou sobre um possível perigo envolvendo uma vaca.

Desde então, Nicola tomou todos os cuidados possíveis para evitar qualquer encontro inesperado com bovinos.

Foi mais adiante ainda para se precaver, mudou-se para São Paulo e se encantou com a agitação da cidade grande, costumava passear pela Avenida São Luis e apreciar o movimento da metrópole.

Certo dia, enquanto caminhava pelo Viaduto do Chá para admirar a paisagem lá de cima, ouviu alguém gritar: “OLHA A VACA¨!

Assustado com o grito, Nicola, temendo pela sua vida, pulou do viaduto sem perceber que era apenas o vendedor de bilhetes gritando. Ao cair no chão, percebeu o equívoco e, aliviado, prometeu nunca mais levar tão a sério as previsões de videntes!

 

terça-feira, 11 de junho de 2024

Rufo, um gênio ranzinza. - Alberto Landi

 


Rufo, um gênio ranzinza.

Alberto Landi

 

A história se passa numa cidade marroquina, Ouarzazate, localizada ao sul de Marrocos, conhecida por sua impressionante paisagem desértica e sua importância como centro cultural e turística.

É chamada de “A porta do deserto” devido à sua proximidade com o vasto e belo deserto do Saara.

Havia um gênio rabugento chamado Rufo que vivia em uma lâmpada mágica escondida em algum lugar do deserto.

Era conhecido por ser extremamente intolerante e ranzinza.

Passava seus dias reclamando do mundo e de todas as pessoas que ousavam esfregar sua lâmpada para libertá-lo.

Um dia, um jovem aventureiro chamado Nicholas descobriu Rufo durante uma expedição pelo deserto.

Ignorando as advertências sobre o gênio mal-humorado, esfregou a lâmpada e libertou Rufo.

Ao sair da lâmpada, olhou furioso para Nicholas e começou a resmungar sobre como o mundo estava cheio de tolos e como ele não suportava a humanidade. No entanto, Nicholas não se deixou intimidar pelo mau-humor. Em vez disso, ele decidiu tentar mudar o coração do Rufo rabugento. Com paciência e bondade, mostrou a ele que nem todos no mundo eram dignos de seu desprezo. Ele compartilhou histórias de pessoas boas e generosas que fizeram a diferença no mundo. Aos poucos, o coração de Rufo começou a amolecer.

À medida que os dias passavam, Rufo se viu cada vez menos irritado e mais tolerante com o mundo ao seu redor.

Começou a ajudar Nicholas em suas aventuras pelo deserto, usando sua magia para solucionar problemas difíceis que por ventura pudessem surgir.

Com o tempo, o gênio se transformou de um intolerante em um aliado leal e amigo de Nicholas. Viajaram juntos pelo deserto, enfrentando desafios e compartilhando risos. A lâmpada mágica finalmente se tornou um amigo para Nicholas, onde o ranzinza aprendeu a apreciar as maravilhas do mundo e as pessoas que o habitavam.

E assim o gênio encontrou a verdadeira felicidade ao superar sua intolerância e abrir seu coração para o amor e a amizade.

 

Buscas, sempre Buscas - parte 1 - Hirtis Lazarin




Buscas, sempre Buscas

Hirtis Lazarin

 

                                                  (parte I)

                                

Uma nuvem carregada e atrevida, em meio a uma manhã cheia de sol, pegou a todos de surpresa, inclusive Ana Amélia que saía bem apressada da farmácia. Mesmo que corresse, a sua roupa branca e impecável chegaria bem molhada até o carro, estacionado a duas quadras dali, ao lado da pracinha. 

Refugiou-se sob a marquise de uma cafeteria simples e acolhedora. Aproveitou esse tempo para tomar um cafezinho quente, pois achava que a chuva seria passageira. Tomou o segundo café, e nada! Estava impaciente, até chegou a pensar que os ponteiros do relógio caminhavam mais rápido do que sua obrigação exigia.

Infelizmente, a chuva não diminuía e Ana Amélia caminhava de um lado para o outro. Tinha pressa, muito trabalho a aguardava e o dia mal começara. Eram nove horas da manhã.

Ouviu, então, um barulho forte vindo do outro lado da calçada. Era um cesto de lixo enorme que acabava de cair. Esparramou-se uma montanha de papéis, cascas de frutas, restos de comida e tudo o que a nossa mente consegue imaginar…. Uma bola de basquete atirada com muita força e os meninos correndo atrás dela, foram os responsáveis pela desordem toda.  Os dois desapareceram em segundos, na primeira esquina, sem olhar para trás. Ana Amélia, que era toda certinha, irritou-se com esse comportamento irresponsável.  Gritou… gritou, mas os berros foram ao vento. 

Impaciente e irritada… Era assim que começava a sua terça-feira. Ligou para a sua empresa e acalmou os funcionários, já bem preocupados com a demora.        

E para completar o seu dia, do meio daquela sujeira toda, veio um som miúdo e choroso. O ronco barulhento dos carros e o som dos pingos da chuva batendo na fachada de zinco da cafeteria não a confundiram: era, sem dúvida, um latido sufocado.

Não pensou na roupa branca que vestia, nem no cabelo bem penteado. Correu ao encontro do animalzinho e agarrou-o com força. Ele latiu assustado, esperneou, tentou mordê-la, mas não conseguiu se soltar. Era frágil demais diante daquelas mãos fortes de dedos compridos e ágeis.

Ana olhou cuidadosamente para todos os lados… procurou E não identificou ninguém que fosse o dono do cãozinho. Um pedestre se aproximou e garantiu que ele vivia na rua.  Ela apressou os passos até o carro, mas o chão molhado e escorregadio atrapalhou a caminhada. E apesar de a chuva já ter diminuído bastante, dois seres ensopados e tremendo de frio encontraram abrigo no interior quentinho do veículo.

Um homem observava Ana Amélia, desde que ela deixou a farmácia. Discreto e sem chamar a atenção. Vestia calça jeans, camisa polo branca e suéter vermelho amarrado às costas: roupa do cotidiano, mas impecável e bem passada. Dava para ver o vinco na calça. Não sei se é ultrapassado ou não, mas... Ele tirou um bloquinho do bolso da camisa e anotou a placa do carro que saía lentamente da pracinha.

Depois de acender um cigarro e fumar sem nenhuma pressa, James entrou no prédio ali ao lado e, já no elevador, acionou o oitavo andar. Chegou às dependências da agência de publicidade, seu local de trabalho. Um funcionário compenetrado e atencioso, que soube vestir a camisa da empresa “Insight”. Joga um bombom na mesa da recepcionista que lhe agradece com um sorriso gordo e guloso. Apressa os passos, pois é avisado de que um cliente aguarda-o em sua sala.

 

Depois de vinte minutos, Ana Amélia chegou ao Pet Shop “Patas de Ouro”, onde era proprietária e veterinária. A atenção de todos, então, foi para a cachorrinha “shih tzu” que acabara de ser resgatada. 

Analisada cuidadosamente, verificou-se que não tinha nenhum ferimento externo; estava maltratada e faminta. Depois de um banho caprichado e alimentação farta, foi colocada junto aos outros cães do mesmo porte. O shih tzu é uma raça pequena, delicada e muito carinhosa. De origem chinesa, diz-se que dormia aos pés dos nobres.

Faltava-lhe um nome. A veterinária permitiu que fosse escolhido pelos três funcionários da casa. Depois de acertos e desacertos, aprovou- se o nome Lisy. 

A Lisy acabava de ser adotada. 

Ana trancou-se no banheiro para um banho demorado e roupas limpinhas.

Ana Amélia é filha adotiva de um casal sem filhos. Mal conheceu o seu pai.  Foi criada por Dona Ruth e com muito sacrifício. A morte do marido aconteceu de um jeito inesperado. Era um homem jovem, forte e foi vítima de um A.V.C fulminante. A menina cresceu, se tornou uma linda mulher e veterinária por vocação.   

Quando criança, interagia com os cachorros, não só numa brincadeira fofa. Era muito mais que um momento de entretenimento e prazer. Eram momentos de preocupação e cuidado. Trazia para casa animais abandonados que encontrava pelas ruas da cidade. Dona Ruth vivia com os cabelos em pé para acomodar e alimentar tantos bichos.

A jovem de vinte e três anos era feliz, amava sua família, mas vivia atormentada por uma pergunta que nunca lhe foi respondida: qual era sua origem e por que foi adotada. Sempre que questionava, a mãe ficava nervosa, irritada e fugia do assunto. A jovem usou todos os argumentos possíveis, mas nunca conseguiu ir além.

Por que esse mistério?



James trabalhava com prazer, mas tinha um hobby que preenchia seu tempo livre. Era uma pessoa ansiosa e não conseguia viver “sem ter nada pra fazer”. Por acaso, descobriu algo que o fascinou. 

Seu gato angorá, como sempre, saiu para o passeio de todos os dias. Saía e voltava, mas naquele domingo, Chico não voltou. Os dois viviam juntos há vários anos e nunca ficaram separados. Juntos viajavam, e juntos curtiam a vida.

O rapaz esperou mais um dia e o gato não apareceu. Comprou um livro sobre investigação, colheu informações e começou um trabalho minucioso. Examinando as câmeras da rua, acompanhou o percurso do bichano, desde o momento em que ele pulou o muro de casa e caminhou até a praça da cidade. No caminho, parou próximo a um cesto de lixo, saltou várias vezes tentando alcançá-lo, mas desistiu quando um vira-lata se aproximou rosnando. Dois garotos que subiam a rua brincaram com ele. Acho até que se conheciam. Chico continuou seu caminho na maior calma, chegou à praça, atravessou um canteiro de rosas, esgueirando-se dos espinhos, espreguiçou-se e, sem nenhuma pressa, desapareceu no interior do jardim.  Eram dez horas da manhã e nenhuma outra câmera, nenhuma outra pista foi encontrada. O angorá é um animal dócil, inteligente e brincalhão. Quem sabe alguma criança se encantou e o levou pra casa?

Passaram-se dez dias, James conversou com muita gente, visitou casas e mais casas. Já estava bem desanimado quando recebeu uma informação de que o levou até outro bairro da cidade. Era uma casa espaçosa e rodeada de árvores. Tocou a campainha várias vezes, sabia que não estava vazia. Um som alto de música clássica vinha lá de dentro. Depois de dez minutos, uma senhora idosa abriu, cautelosamente, a porta.  Atrás dela veio um menino carregando o Chico. O gato nem se mexeu quando viu seu verdadeiro dono. James ficou felicíssimo e triste, simultaneamente. Estava morrendo de saudade. Só depois de uma negociação cansativa, o angorá foi devolvido e trocado por outro igualzinho.

Ele agarrou o bichinho, entrou no carro e saiu cantando pneus. Estavam salvos.

Será que gato não se apega ao dono? Só se interessa por comida e um lugar quente pra dormir?


Eugênio, o gênio rabugento - Vanessa Proteu

 






Eugênio, o gênio rabugento

Vanessa Proteu

 

 Pedro, Sofia e Ester estavam brincando nos arredores do acampamento quando de repente: UAU!!! Avistaram algo extremamente brilhante no interior de uma gruta, eles olharam com carinhas assustadas, porém tendo em seus olhos um fio de curiosidade e esse fio teceu um sussurro vindo de Sofia, a mais corajosa entre eles:

— Vamos até lá!

Pedro recusou, Ester assentiu com a cabeça. Eram dois contra um, e assim não restou outra alternativa a não ser entrar na caverna e descobrir o que seria aquele objeto estranho. E lá foram eles contando os passos bem devagar, até verem que aquilo era uma lâmpada, mas não uma lâmpada comum com a qual eles estavam acostumados.  Era algo mágico, brilhante, esférico e com alças.  Sofia pegou o objeto e seus amigos gritaram:

— Sofia, não faz isso!

— Mas ela não se importou, pegou a lâmpada, esfregou-a com a borda de sua roupa e o objeto brilhou ainda mais, de modo que todos cobriram os olhos. E, quando abriram se depararam com ser magricelo com barbas e bigodes espichados.

— Quem é você? - Disse Pedro e a criatura respondeu com voz firme:

 — Eu sou Eugênio, moro nessa lâmpada.  Por que me incomodam, crianças levadas? Se pensam que vou ajudá-las a encontrar o caminho de casa, estão muito enganadas. — Esbravejou enquanto alongava os seus braços finos e limpava a garganta.

A mais falante do grupo respondeu:

 — Nós nem estamos perdidos, apenas ficamos curiosos!

— Pois saibam que curiosidade matou o gato. - Completou o gênio.

— Mas a gente te libertou. - Pedro disse, com as palmas das mãos voltadas para cima.

Eugênio retruca alegando não ter pedido nenhuma ajuda, mas as crianças insistem:

— Poderia ao menos agradecer, está todo amassado. Aposto que está melhor aqui fora. Hahahaha - riram.

— Crianças petulantes!!! Era para eu ter sido encontrado por adultos, pelo menos esses sabem o que querem, assim eu poderia realizar-lhes três desejos.

As crianças cochicharam:

— Ele falou desejo?

— Sim, eu ouvi...

Elas se voltaram para Eugênio e falaram quase que em couro:

— Por favor, realize nossos desejos!!!

 Eugênio, rabugento que só, disse em tom de superioridade:

— Por que eu faria isso?

— Porque nós queremos ser seus amigos, argumentou Pedro. O gênio pensou por um instante e ainda cheio de si virou-se para eles e disse que tudo bem, apesar de ele achar que não precisava de amigos.

 — Acho que vai ser divertido, mas vou conceder apenas três desejos. Decidam quem os receberá.

As crianças se entreolharam e decidiram que cada uma faria um pedido ao gênio.

A primeira, como já era de se esperar devido à personalidade impulsiva, foi Sofia. Ela pediu ao gênio que ela e seus amigos nunca se separassem. Eugênio imaginou que a menina fosse pedir algo material e ficou surpreso com o pedido. Assim, girou em volta dos três e eles foram envolvidos por uma luz forte e essa luz foi se transformando em um arco-íris e o gênio disse que o desejo da menina tinha sido realizado.

A segunda a pedir foi Ester, pois Pedro era um cavalheiro, e deixou que as meninas pedissem em sua frente. Ester pediu ao seu novo amigo que todas as crianças pudessem ter brinquedos iguais a ela. Então, Eugênio rodopiou em torno deles e mais uma vez a luz os envolveu e gotículas douradas caíram sobre eles e o gênio disse:

— Seu desejo se realizou.

Por último, Pedro... Todos estavam ansiosos para saber o que o garoto ia pedir. Havia tantas coisas se passando na mente das meninas e de Eugênio. O que será que Pedro vai pedir? Tentavam adivinhar em seus pensamentos.

— Então, criança, faça logo seu pedido. Diga o que você quer e me deixem em paz.

Então Pedro deu um sorrisinho sarcástico deixando à mostra a covinha de amor em sua face e disse:

— Eu quero que o gênio se torne criança e seja nosso amigo!

E as meninas gritaram e comemoraram o pedido de Pedro, e o gênio ranzinza teve que atender o pedido do menino. Abandonar a lâmpada onde passou a vida inteira espremido e ser uma criança. Mais uma vez, a luz tomou conta deles, era como se um imenso raio de sol os contornasse, mas a temperatura estava agradável. Todos fecharam os olhos e, quando abriram, o gênio rabugento havia sumido com sua lâmpada mágica.

As crianças saíram dali e, na segunda-feira, foram para a escola. Estavam empolgadas para contar aos amigos o que havia acontecido. Então, em meio ao zum-zum-zum, a professora pediu silêncio:

— Shhh! Crianças, fiquem quietas! Quero apresentar a vocês seu novo colega de classe.

Para a surpresa de Pedro, Ester e Sofia, o nome do seu novo colega era Eugênio. Mas agora ele não possuía uma lâmpada e não era mais tão rabugento.




O Gênio da Caverna Perdida - Adelaide Dittmers

 

 

 


O Gênio da Caverna Perdida

Adelaide Dittmers

 

Mishu, o gênio, estava encolhido na lâmpada e olhava através do vidro para a escura caverna.  Irritado e cansado, esfregava o grande nariz na lâmpada. Estava preso ali há muito, muito tempo.  Não aguentava mais.  Queria ser livre, mas ninguém entrava ali naquela caverna perdida no alto de uma montanha.

De repente, ouviu gritos, risadas e passos, que ecoavam pelo lugar.  Ficou alerta.  Sentiu uma luz ofuscar seus olhos.

— Vejam o que achei! Uma lâmpada linda! Deve ser muito antiga! Exclamou excitada uma menina de uns onze anos.

O gênio saiu da lâmpada, furioso.  Uma nuvem luminosa o envolvia e clareou tudo à sua volta.  As quatro crianças assustadas saltaram para trás, encostando-se na parede úmida.  Apontando o dedo magro para a menina, gritou:

— Como você ousou jogar essa luz forte em meus olhos?

As mãos da menina tremeram e mal conseguiam segurar o farolete. Com muito medo, perguntou:

— Quem é você? O que faz nessa lâmpada?

— Sou o gênio da lâmpada. Nunca ouviu falar de mim?  Respondeu com uma voz cheia de raiva.

— Você é o gênio da lâmpada maravilhosa? Gaguejou.

— Sou. E olhou ao seu redor.  Um menino e mais duas meninas estavam imóveis. Olhos arregalados e bocas abertas.

— Sou Marina e eles são meus primos: Nicolas, Marie e Stella.

— O que estão fazendo aqui?

— Ficamos curiosos para ver o que tinha nessa caverna.  Gostamos de aventuras. Mas, e você, por que está nessa lâmpada?

O gênio ergueu os braços compridos e magros e se contorceu para sair um pouco mais da lâmpada.

— Estou preso há muito tempo.  Quero sair daqui!

— E por que não sai? Perguntou o menino de cabelos cacheados.

O gênio fez uma careta

— Não consigo sair sozinho.

A menina de cabelos louros e encaracolados estendeu a mãozinha para ele.

— Vou puxar você daí.

— Não, não é assim! Primeiro vocês pedem o que mais querem e eu dou para vocês.

As crianças olharam umas para as outras com olhos brilhando de felicidade.

A menorzinha de olhinhos puxados fez uma careta divertida, começou a dançar.

— Eu quero um unicórnio de verdade.

E um pequeno unicórnio colorido surgiu nos braços dela.

Os outros se olharam espantados e maravilhados. Mais do que depressa, a loirinha exclamou:

— Eu quero uma boneca, que converse e brinque comigo.

Uma linda boneca apareceu em seus braços.

O menino de cabelos cacheados gritou, enquanto pulava de alegria:

— Eu quero a bola de futebol da copa do mundo.

O gênio jogou a bola para ele.

Falta você, menina do farolete.  Ela olhou para ele e sorriu:

— Eu quero que você saia dessa lâmpada e seja livre. 

O gênio passou a mão magra pelo rosto pálido para esconder uma lágrima e disse com voz emocionada:

— Pois você vai ganhar este anel e poderá fazer o pedido que quiser. E estendeu um belo anel com uma pedra rosa para ela.

O gênio foi saindo de sua pequena prisão e parou em frente deles.  Eles miraram com alegria aquele senhor alto, de barbas grisalhas, que sorria para eles.  Batendo palmas, gritaram:

— Agora temos um amigo mágico! Agora temos um amigo mágico!

O gênio olhou para eles e disse que seriam sempre muito amigos.

Saíram da caverna. O velho piscou, quando a luz do sol da tarde o atingiu e parou para apreciar a paisagem à sua volta.

— Onde você vai morar? Perguntou uma das crianças. E as outras concordaram.

— Não esqueçam que sou mágico e vou arranjar uma bela casa para mim e quero que vocês vão sempre lá brincar comigo.

— Ebaa! Gritaram as crianças:

— Vai ter uma piscina com um escorregador bem grande? Perguntou a loirinha.

— Um pula-pula!  Disse a menorzinha careteira.

— Um campo de futebol.  Gritou o menino de cabelos encaracolados.

— Pois eu gostaria de jogar xadrez com você. Disse a menina maior.

O velho deu uma gargalhada:

— Vamos nos divertir muito!

E seguiram pelo caminho rindo e brincando.

 

 

A lenda de Barba Negra - Alberto Landi

  A lenda de Barba Negra Alberto Landi   No auge dos tempos dourados da pirataria, havia um temido capitão que aterrorizava os mares do Cari...