CRISTINA!
Dinah Ribeiro de Amorim
Cristina abre os olhos. Acorda. Olha ao
redor...
Onde estou, o que aconteceu?
Está numa cama, imóvel, mal consegue se
mexer. Parece um hospital.
Alguém entra, uma enfermeira que se
espanta ao vê-la acordada e sai rápido para chamar o doutor.
Cristina, mil perguntas lhe vêm à mente.
Tenta emitir algum som, e lhe vem um som gutural incompreensível.
Um cirurgião entra no quarto e
dirige-se, carinhosamente, a ela.
“Como se sente. Alguma dor? ”
Ela, num grande esforço, responde: “Mal
consigo me mexer. O que aconteceu? ”
O Dr. Álvaro, responsável pelo caso,
pergunta-lhe: “Não se lembra de nada? ”
— Sofreu um acidente antes de chegar em
casa, quebrou várias costelas, teve forte batida na cabeça e esteve
inconsciente por quatro dias. Só conseguimos avisar a família, os amigos,
quando a polícia fez a busca através das placas do carro. Tem lembrança do que aconteceu?
Cristina, atordoada, não consegue se
lembrar...Nem do acidente, nem de quem é. Amigos, família, nomes, tudo estranho
para ela.
O médico, experiente, responde que é
normal o seu estado, pois mal acordou para o mundo. Sai, deixando-a descansar.
Ela fecha os olhos e nem percebe a enfermeira
que lhe aplica uma injeção.
Adormece novamente.
Acorda, no dia seguinte, e acontece o
mesmo ritual. Reconhece que está no hospital. Nada responde à enfermeira e ao
médico sobre o que lhe aconteceu. Não sabe quem é, como vive, como se chama?
O Dr. Álvaro, preocupado, avisa-lhe que
irá receber a visita de uma policial, mas que não se preocupasse, seriam
perguntas rotineiras.
Entra no quarto uma senhora de meia
idade, fardada, que se apresenta como Delegada Clara Sobral. Com delicadeza,
pergunta-lhe se poderia responder algumas questões sobre o acidente que sofreu.
Cristina franze a testa, nervosa e
afirma que não se recorda de nada. Soube do acidente através do médico. Sente-se
melhor dos ferimentos, mas sua memória continua apagada.
A Delegada, compreensiva, pergunta-lhe
se está em condições de ouvir como foi encontrada.
Cristina sente-se mal, mas responde sim,
tem necessidade de saber quem é, o que lhe aconteceu, como era sua vida e o que
será agora.
A Dra. Clara conta-lhe que vinha pela via
Rodrigo Pereira, talvez em direção à sua casa, perdeu a direção do veículo, que
se desviou e tombou à esquerda, lançando-a fora. Foi um verdadeiro milagre não
ter perdido a vida. Estava desacordada, por sorte, foi socorrida a tempo por
uma equipe de resgate que passava no local.
A delegada, com a desconfiança
costumeira, continua: “ Já teve algum problema ao dirigir? Que se lembre? Não encontramos
em seu organismo nenhum vestígio de álcool, droga ou outra substância. ”
Cristina permanece em silêncio e depois
pergunta:
— Ia para casa? Era cedo ou tarde? Como
sabe onde moro? Não consigo me lembrar! Tenho família? Com quem moro? O que
faço?
Clara, compadecida, aceitando a amnésia
temporária da moça, afirma-lhe que é uma mulher rica, a maior acionista de uma
firma de Seguros, única herdeira do pai falecido. Mora em uma bela residência,
acompanhada da tia, Antonieta, irmã de seu pai, de setenta e oito anos. Possuem
uma auxiliar, Alice, que mora nos fundos da casa, com a família. Ao saber do
acidente, procurou estudar o caso, principalmente quando encontraram seus
pertences. Tudo indica que foi um acidente mesmo, mas... e a delegada, ao ver o
rosto pálido de Cristina, sobrecarregada com tanta informação, para de falar e chama
a enfermeira.
Cristina demonstra um cansaço e
depressão súbita. O Dr. Álvaro tem que intervir e solicitar o fim da
entrevista.
Passam alguns dias e o estado da moça
melhora. Sente-se mais disposta, mais atenta, olhos mais abertos. O médico
pergunta se está em condições de receber a tia, estava ansiosa para vê-la.
Cristina responde sim, embora não se lembre de seu rosto, nem da sua existência.
Entra no quarto uma senhora de olhar
simpático e amoroso, aflita para vê-la. É de uma simplicidade elegante, cabelos
levemente azulados, presos num coque. Acompanha-a, Alice, a cuidadora da casa,
mulher baixinha e robusta, que sorri feliz ao avistar a patroa acordada. Pensou
que tinha morrido.
Abraçam Cristina com cuidado, temerosas
de machucá-la, vendo-a ainda bastante enfaixada, mas demonstram muita alegria
em poder vê-la. A tia Antonieta enxuga rapidamente uma lágrima, mal contida
pela emoção que sente.
Ambas perguntam do seu estado, se já
está em condições de voltar para casa.
Preferem cuidar dela pessoalmente, colocando
uma enfermeira na residência.
Cristina alegra-se com a visita delas,
com o carinho que demonstram, mas, no íntimo, tem medo, aflição, por não as
reconhecer. Sabe que será difícil a volta para casa, sem memória de nada.
Ao término da visita, para ela
exaustiva, o Dr. Álvaro entra no quarto e encontra-a aos soluços, chora
copiosamente.
— A memória volta aos poucos, diz-lhe.
Sabe, no íntimo, que é arriscado,
qualquer afirmação, cada caso é diferente, único. Melhor deixá-la descansar
mais alguns dias. As fraturas se consolidam, mas a memória não.
Durante a estadia no hospital, aparecem
alguns senhores que trabalham com Cristina e procuram o Dr. Álvaro para saber
do seu estado. Qual é o diagnóstico e quando terá alta. Parecem bastante
preocupados, estão sob a sua direção na empresa e não sabem como agir.
O médico sente-se na obrigação de
revelar que sua falta de memória o está preocupando, acha um pouco cedo a alta.
Os senhores olharam-se espantados e decidiram
voltar nos próximos dias. Quem sabe, ao vê-los, conversar sobre o trabalho, a
ajude a lembrar-se.
Um deles, o mais jovem, afirma ser primo
de Cristina, do lado materno, Osvaldo. Deixa um cartão com o médico para ser
avisado. Aparenta maior preocupação que os outros e o médico acha que é o
parentesco.
Mais uns dias de hospital e Cristina quer
ter alta, voltar para casa. Habitua-se com as visitas da tia e pede ao médico
para explicar-lhe o seu estado. Sente que ela e Alice a ajudariam a lembrar-se,
aos poucos, de tudo.
O Dr. Álvaro consente, mas antes da
alta, a delegada Clara pede para vê-la mais uma vez e, talvez, encerrar o caso.
A moça, aborrecida, esforçando-se para
retomar a vida, recebe de má vontade mais uma visita da polícia.
Clara, mais simpática que de costume,
cumprimenta-a pelo restabelecimento e pergunta se a memória sobre o acidente
voltou.
— Sinto decepcioná-la, doutora, mas,
ainda não consigo me lembrar do passado. Vou tentar viver com isso. Só sei como
foi o acidente pelo que me contou. Não lembro nem do carro que tinha.
A delegada entrega-lhe um cartão com
telefone particular e promete atendê-la, se precisar, em alguma emergência.
Mostra-se solícita e conta-lhe que se preocupou com algumas fotos do carro que viu,
por isso insistiu em falar-lhe, mas, diante da situação atual, deseja-lhe
sucesso e sorte. Dará o encerramento do caso.
Cristina suspira, aliviada e,
esperançosa, aguarda a tia Antonieta e Jonas, o filho de Alice, que virão
buscá-la. Uma enfermeira do hospital, Helena, é contratada para ir junto.
A calma aparente de Cristina convence
Dr. Álvaro a dar-lhe alta. Só ela sabe o esforço que terá à frente, no novo
ambiente, sua antiga moradia.
Jonas dirige devagar e explica a
Cristina todas as variações do trajeto. Cuidadosamente, evita passar pelo lugar
do acidente.
Cristina percebe que se afastam do
bairro central do hospital e entram numa região de ruas mais calmas, com
residências maiores e bonitas. Espanta-se quando o rapaz abre os portões
automáticos da maior delas e para na entrada.
— Chegamos, afirma a tia Antonieta,
pedindo a Helena para ajudá-la a sair. Lembra-se um pouco da casa, minha filha?
Foi tão do seu gosto! Cada detalhe tem sua escolha. Aos poucos irá se refazer e
lembrar de tudo.
Para Cristina, muita beleza, conforto,
mas novidade. Parece entrar numa casa nova. As salas, a cozinha, os jardins,
nada desperta a memória. Helena sobe com ela ao quarto, cheio de flores. Falam
que é a sua predileta, margarida. Ela agradece, acha-as bonitas, só que não se
lembra de tê-las visto. Chama sua atenção uma foto, em cima da cômoda. São dois
idosos, sorridentes, sentados num banco do jardim. Tem a impressão que olham
para ela. Pergunta à tia:
— Quem são?
— Seus pais, minha filha. Sua mãe morreu
cedo, aos setenta anos. Que Deus a tenha! Seu pai, querido irmão, viveu dez
anos viúvo, teve um infarto, há dois anos. Deixou todos os bens para você.
— Não tive irmãos? Pergunta Cristina.
— Não, responde a tia. Parece que sua
mãe não podia mais ter filhos. Só você. Mas teve outra criança na casa, o filho
de uma irmã de sua mãe que seu pai ajudou a criar, adotou-o quase como filho.
Você gostava dele como se fosse irmão. Viviam juntos. Deve aparecer para vê-la.
Chama-se Osvaldo e trabalha também na firma.
Cristina sente-se cansada. É muita
informação. Quer deitar e dormir. Continuariam a conversa mais tarde.
Desconhece tudo e ao falar no trabalho, a preocupação aumenta. Diretora de uma
empresa grande, com vários funcionários?
Não é capaz!
Com o tempo, ela se acostuma e aprende a
gostar da casa como uma turista que vai a um bom hotel. Bem tratada, de
aparência saudável, o amor da tia e empregados fazem milagres. Está quase
pronta a receber seus funcionários e retomar a função. Continua sem lembranças,
mas disposta a aprender e começar de novo.
Numa tarde, seu primo Osvaldo aparece.
Esforça-se para recebê-lo e acha-o carinhoso, simpático, principalmente quando
conversam sobre o escritório. Sente que o rapaz será um bom aliado à sua volta,
explicando-lhe tudo o que fazia.
A tia Antonieta, que escuta um pouco a
conversa, tem a ligeira impressão de que Osvaldo a investiga, a estuda, para
saber o quanto se lembra do assunto. Mas, Cristina, ao ouvi-la, não dá
importância. Sabe que não se lembra de nada!
Na manhã seguinte, Osvaldo aparece para
levá-la ao escritório. Cristina, elegante, em seu terninho sóbrio, como convém
a uma diretora, depara-se com um prédio majestoso, arquitetura moderna, e sobem
até o último andar, onde ficam as dependências da Diretoria.
Procura aparentar calma e desembaraço,
cumprimenta todos, com a indicação do primo. Recebe palavras gentis de boas
vindas e dirige-se à sua sala, acompanhada de Irene, a secretária, e Osvaldo
que irá inteirá-la da situação. Devido ao acidente, a firma caiu em leve
descrédito, perdeu mais do que lucrou.
Cristina soube, então, o principal
trabalho que fazia. Estabelecer o crédito. Aumentar as vantagens de cada
cliente assegurado e arrecadar futuros sócios. Os diplomas em Comunicação e
Administração teriam que lhe valer agora, mas, e a memória? Estudar tudo de
novo? Por enquanto, representa.
Para conhecer o assunto, pede a Osvaldo
que a leve até a Contabilidade da firma. A responsabilidade é presente na
realidade atual.
Osvaldo tenta impedi-la, afirma que é
cedo para se incomodar com o trabalho, mas diante da insistência, a acompanha.
Meio contrariado, apresenta-a a Osmar, o
contador chefe, trocando com ele olhares significativos. Cristina, que após o
que lhe ocorreu, aprende a observar tudo, percebe que há entre os dois um certo
tipo de entendimento.
Osmar, após os cumprimentos de praxe,
preocupa-se em mostrar-lhe que houve realmente uma queda no faturamento mensal
da firma, mas nada que indique falência. Com sua volta, acredita na
normalização de tudo. Não haverá necessidade da venda de algum imóvel ou ações,
como pensou.
Cristina se espanta e preocupa-se muito.
— Como chegamos a essa situação tão
rápido? Pergunta aflita. Não fiquei tanto tempo fora, hospitalizada. Já
havíamos discutido sobre isso, antes? E olha para o primo, interrogando-o.
— Na verdade, sim. - Osvaldo responde.
Talvez esse aborrecimento tenha lhe causado o acidente.
A moça vai para casa, no final do dia,
repleta de papéis sobre a contabilidade, disposta a ler com calma e estudar, no
escritório do pai junto aos seus livros.
Tia Antonieta, ao vê-la, se assombra,
teme que possa passar mal. Liga ao médico e pergunta se o excesso de trabalho pode
piorar a falta de memória. O Dr. Álvaro tranquiliza-a. Pode ser que ajude a se
lembrar aos poucos o que esqueceu.
Na verdade, Cristina, ao estudar a
situação da firma, começa a pensar friamente no assunto e comparar as entradas
e saídas mensais, olhando os números. Felizmente, a leitura, a escrita, o
aumento e a diminuição dos ganhos, para ela, é de um entendimento mecânico,
consegue entender. Acontecimentos do passado estão apagados, mas como realizar
determinadas ações, no presente, tem domínio.
Suas idas e vindas ao escritório,
conversas com os empresários experientes, discussões sobre a situação atual,
dão ânimo e otimismo aos funcionários que a tratam com o antigo respeito.
Osvaldo, o primo, não a deixa dirigir o
carro. Funciona como secretário, chofer, auxiliar, preocupado e amigo, solícito
em qualquer acontecimento imprevisto. Cristina deposita nele a confiança e a
amizade que necessita nessa fase da vida, contrário à tia Antonieta que desaprova
tanta intimidade.
O tempo passa, a atuação no trabalho
melhora e Cristina sente, às vezes, algumas lembranças repentinas sobre
determinados assuntos, como se já os conhecesse ou já os tivesse visto.
Costuma estudar todas as noites e refazer
a Contabilidade da firma até altas horas, não se preocupando muito com a
situação presente, mas com os meses passados.
Numa dessas madrugadas, nota que, em
determinado mês, do ano anterior, consta a retirada de uma quantia em dinheiro,
sem indicação ou recibo do destino. Após isso, a mesma quantia é sempre
retirada, sem explicação ao que se refere. Preocupada, pensa em deixar os
papéis numa pasta e discutir, no dia seguinte, com Osmar e a Diretoria.
Osvaldo, ao buscá-la, nota seu olhar triste
e preocupado e pergunta, aflito, se está bem?
— Tenho trabalhado muito e preciso tirar
umas dúvidas na Contabilidade, responde ela. Nada de anormal, por enquanto.
O primo observa-a, mas não acredita que
a saúde mental mude. Que a prima volte a ser o que era, hábil e inteligente, diretora
de todos. Na verdade, ambiciona uma nova eleição e ser o Diretor Geral da
Seguradora. Com ela ao seu lado, claro.
Conversando com Osmar, Cristina
apresenta os papéis antigos e ele não sabe responder sobre essa quantia
retirada. Pode ser erro de digitação da secretária Irene.
— Mas como não influiu essa retirada no
lucro do mês? Responde ela.
— Acho melhor falar com Irene, doutora.
Deve ter feito algo errado.
Irene é chamada e, muito pálida,
limita-se a responder que não é contadora, só digita o que mandam. Nunca
reparou direito nos números.
O boato no escritório chega até a
Diretoria e todos, admirados, se entreolham, preocupados.
Cristina ouve, entre eles, a conversa:
— Como uma mulher, doente, sem memória,
descobre uma coisa dessa? É preciso averiguar. Todos nós temos responsabilidade
nisso. Ficamos prejudicados. Quase à falência.
Cristina tranca-se em sua sala e não
recebe ninguém. Estuda como resolver a situação. Parece caso de uma
investigação profunda, policial. Mas envolver o nome da Seguradora, do seu pai,
de algum inocente. Como fazê-los acreditar nela, recém-saída de um hospital?
Pedir ajuda a quem?
Osvaldo bate insistentemente à sua
porta. Nem a ele quer atender.
Como insiste muito, atende-o e afirma
que está bem. Logo irá para casa. Não precisa esperar por ela.
Anoitece, e ela decide dirigir o carro
sozinha, dispensa até o motorista.
No trajeto para casa, já o conhece bem,
não percebe que é seguida por outro carro. Quando entra na via Rodrigo Pereira,
vem à memória o seu acidente e, instintivamente, olha para o espelho retrovisor.
Percebe um carro escuro, atrás dela, quase colado, que vai empurrá-la fora da
estrada. Desvia rápido, e o outro foge em disparada.
Trêmula, retoma a direção e consegue
chegar em casa.
Tia Antonieta e Alice, alertadas por Osvaldo,
esperam sua chegada, à porta. Passa rápido por elas e se dirige ao quarto,
queixando-se de cansaço.
Preocupadas, querem chamar o médico, mas
ela afirma que não precisa. Quer só dormir!
Com o choque, Cristina recupera a
memória. Conhece o carro escuro, mas não lembra de onde. Abre a bolsa para
pegar um cigarro e acha o cartão da delegada que esteve no hospital, Dra. Clara
Sobral.
Telefona para ela e pergunta se pode
atendê-la. Diante de tantos casos, Clara não a identifica, mas quando cita que
havia perdido a memória e agora lembra, a delegada se põe à disposição.
A delegada Clara vai até a casa de
Cristina, na manhã seguinte. Inteirada dos acontecimentos, confessa que o
acidente anterior sempre lhe deixou com suspeitas, mas como não havia nenhuma
prova, nenhuma queixa, arquivou o caso. Na batida, as fotos do carro mostravam
um afundamento da parte traseira, o que aparentou ter sido empurrado para que
ela se desviasse e tombasse. Com certeza, a sua vida deve estar em perigo,
outra vez. Precisará de um policial para sua segurança e colocar a empresa sob
auxílio de um perito em investigação contábil, também de conhecimento policial.
Ela se encarregará de providenciar tudo. Por enquanto, deve se comportar
normalmente e ocultar de todos a volta da memória.
— Continue a aparentar dúvidas sobre as
atividades do escritório. Nenhum suspeito deve saber que consultou a polícia.
Cristina, mais aliviada, arruma-se para
ir ao escritório e aguarda o policial disfarçado, Tomás, que será o novo chofer
e secretário. Para todos, um novo funcionário ou atendente hospitalar, nos
momentos atuais.
Tia Antonieta preocupa-se com seu
abatimento e nervosismo, acha melhor não trabalhar por uns tempos. Cristina
quer mesmo afastar-se, sua vontade é sumir de todos os problemas, fazer uma
longa viagem, mas, agora, necessita estar atenta, salvar sua vida e resolver a
situação da empresa, descobrir o culpado, o causador de tudo. Lembra-se de seu
pai. Repete o que lhe dizia: Coragem!
Continua a trabalhar, normalmente,
escutando vários boatos, inclusive sobre a presença de novo funcionário na
firma, maior gasto, principalmente se for mesmo auxiliar hospitalar. Uma prova
de sua incompetência para lidar com os assuntos. A necessidade de votarem em
pessoas mais hábeis e pedirem seu afastamento, torna-se urgente.
Osvaldo anima-se com isso, mas Cristina disfarçada,
apresenta-se cada vez mais ativa e inteligente, principalmente quando contrata
o fiscal para a contabilidade, a mando de Clara, Dr. Josué.
Semanas vão passando e Josué é bastante
hábil em suas atividades. Faz uma investigação de todos os funcionários, dos
diretores da firma, todos que se relacionam com as atividades comerciais.
Apresenta a Cristina que o sumiço do dinheiro, todo mês, não entrava nas declarações
mensais. Era retirado com autorização, grande soma, mas ainda não sabia como.
Após os dados de cada um, descobre que a
maioria, entre eles, enfrentou dificuldades, sendo Osmar e Osvaldo os que mais
deviam dinheiro a estranhos, dívidas de jogo. Irene, a secretária, era amante
de Osmar.
Cristina, muito espantada, nunca
desconfiou do primo, jogador e devedor de grandes quantias. Sempre achou que
era a única pessoa que podia confiar. Quase lhe conta tudo a respeito da
conversa com Clara.
Faltava a prova final, o destino do
caminho desse dinheiro.
Josué obriga Irene, que sempre nega as
digitações falsas, a confessar para onde vai o depósito desse dinheiro?
Descobre que é para uma conta temporária, em determinado banco, em nome sempre
de um estranho, disposto a aceitá-la, em troca de uma parte.
Cristina e Josué se espantam da
habilidade deles. E ninguém percebia. Ou a maioria sabia?
Osvaldo e Osmar não aparecem para
trabalhar, assim que sabem que Irene está sob investigação.
Cristina, muito aborrecida e nervosa,
resolve ir para casa mais cedo, sob a segurança de Tomás.
Tomás recebe um chamado urgente e,
embora estranhe, vai atender, deixando-a guiar sozinha.
Quando entra na via que a leva para
casa, nota novamente o carro escuro que a segue e, quando vai encostar nela,
para atirá-la longe, lembra-se que aquele carro é de Osvaldo, seu primo. Ele
quer matá-la e ser o dono de tudo. Sua herança iria para ele.
Impressionada, tenta um desvio, mas
sente que ele a impede. Quando acha que será seu fim, ouve sirenes de polícia
de vários lados, que o impedem, e, apavorado, inicia uma fuga desvairada. Perde
a direção e joga o carro num barranco, caindo morto em lugar dela. Teve ele o
fim que desejou a ela.
Muita movimentação, muitos dias de
averiguação e inquérito, muitas modificações na empresa, sendo Irene e Osmar
levados a julgamento e Cristina tentando levantar a Seguradora do pai,
auxiliada por Diretores competentes, que permaneceram.
Os dias voltam a ser normais e
tranquilos, podendo Dra. Clara Sobral, dar, finalmente, encerramento ao caso
que sempre lhe despertou suspeitas.
Cristina, mais feliz, recuperada de seu
apagão mental, planeja, agora, uma linda viagem ao redor do mundo, sonho antigo
da Tia Antonieta e seu, ambas loucas para viverem aventuras diferentes.