O Homem de Máscara
Adelaide Dittmers
O homem de máscara saiu pelas ruas da cidade.
As ruas da cidade estavam vazias naquela hora da noite.
Naquela hora da noite, somente, uma espessa neblina escondia o homem de máscara.
O homem de máscara abriu sorrateiramente o portão de uma casa abandonada.
A porta da casa abandonada rangeu ao ser aberta pela mão enluvada do homem.
A mão enluvada do homem acendeu uma lâmpada pendurada por um fio no teto esburacado.
A lâmpada pendurada por um fio no teto esburacado pouco iluminou a sala, em que móveis velhos empilhavam-se pelo ambiente, que exalava forte cheiro de mofo.
O forte cheiro de mofo não incomodou o homem, que retirou a máscara, revelando um rosto pálido e um olhar frio e perdido
O olhar frio e perdido vagou pelo lugar. Com passos firmes, alcançou um nicho na parede, onde colocou um facão ensanguentado.
O facão ensanguentado demonstrou que o homem de máscara tinha assassinado alguém.
Tinha assassinado alguém e conhecia há muito aquela casa abandonada, onde escondeu a prova do crime.
A prova do crime nunca seria encontrada, então o homem se virou e se jogou em um sofá, cujas molas saltavam através do tecido rasgado. Inesperadamente, ele cobriu o rosto com as mãos enluvadas e caiu em um choro convulsivo.
O choro convulsivo ecoou pela sala. Abaixou as mãos e virou a cabeça de um lado para o outro, como quisesse espantar os pensamentos.
Pensamentos que talvez o tivessem levado ao mal que tinha praticado.
O mal que tinha praticado era sua realidade pelo resto da vida.
Pelo resto da vida não iria esquecer essa noite e a casa abandonada, onde há muito tempo vivera uma vida feliz.
Uma vida feliz que perdera pela traição de uma mulher. Levantou-se devagar. Olhou em volta, como se despedisse da casa e colocou a máscara.
Colocou a máscara, ajeitando-a no rosto, agora sem expressão... apático.
Apático, saiu da casa, sem olhar para trás.
Sem olhar para trás, o homem de máscara saiu pelas ruas da cidade.
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