JOÃO
VALENTÃO
Henrique Schnaider
Os anos se passaram e João Teodoro,
casou-se com uma das mais belas moças de Itaoca, Jussara. Formou uma bela
família de três filhos, dois homens e uma linda garota. Tinha como sogro, o
prefeito da Ernestinho Veiga, político corrupto, venal e perigoso, pois mandava
seus capangas matarem os adversários, não só políticos como, qualquer um que
tivesse coragem de se indispor contra ele.
A autoridade de João sobre a
cidade era indiscutível, a ponto de os cidadãos de Itaoca passarem a temer a
figura do Delegado, e já havia um burburinho, entre as pessoas tramando a
demissão da autoridade máxima do Município.
João e Ernestinho se
entendiam, cada vez melhor. O Delegado, começou a dar cobertura a todas
atividades ilícitas do sogro, desovando cadáveres em valas sem nome, daqueles
que eram assassinados pelos capangas do Prefeito.
Certa noite, destas que as
pessoas têm medo de sair de casa, escura como breu, com raios cruzando os céus
durante a chuva, na calada da noite percebiam-se vários homens de aparência
sinistra, caminhando em direção a ponte que cruza o Município de Itaoca,
carregando o que parecia ser, vários corpos inertes, possivelmente assassinados
pelos capangas de Ernestinho.
Os suspeitos atiraram os
corpos de cima da ponte no rio. No dia seguinte, cinco corpos de pessoas
barbaramente assassinadas, são encontrados, boiando no rio.
A cidade toda, ficou em
polvorosa, o assunto era só esse, todo mundo revoltado com as coisas horríveis
que aconteciam, transformando, Itaoca, em lugar sem lei.
Os cidadãos, se uniram em
grande número, dirigindo-se a delegacia, estavam furiosos, exigiam que a
Justiça fosse feita com a prisão daqueles jagunços, os quais, faziam o que bem
entendiam na cidade, como se fossem donos da mesma.
João Teodoro recebeu a
multidão enfurecida, na porta da Delegacia, encarou a todos, sem demonstrar
nenhum receio, enfrentando-os de peito aberto e de armas nas mãos, acompanhado
dos jagunços de seu sogro, que também estava ali, desafiando as pessoas,
querendo impor ambos, a lei do silêncio.
A turba enfurecida, também
não se intimidou e avançaram sobre João, Ernestinho e os capangas, a confusão
foi geral, transformando-se numa tremenda carnificina.
João, furioso atirava para
todos os lados. A esta altura, dezenas de pessoas já mortas e outras gravemente
feridas.
O Delegado que sempre se
mostrou, uma pessoa extremamente decente, agora não passava de um facínora
sanguinário, um valentão que a tudo enfrentava, cruel, sem o menor sentimento
de culpa com a tragédia acontecida.
João e seu sogro
estabeleceram a lei do silencio, de recolher aos habitantes de Itaoca, ninguém
podia pcolocar os pés para fora de casa. O horror, o medo tomaram conta da
cidade.
As pessoas procuravam conversar,
achar alguma solução para aquela situação, já que nem sequer era permitida a
entrada ou saída de quem quer que fosse, até as ligações foram cortadas. Assim
começaram a faltar os gêneros de primeira necessidade.
João Teodoro parecia
possuído, com tamanha crueldade de ser indigno, em que se transformara.
Os dias de horror
prosseguiam, até que finalmente, depois de um mês nesta situação de pavor, João
Vintém como era conhecido um moleque que vivia abandonado nas praças da cidade,
conseguiu furar o cerco sem chamar atenção, se dirigiu até a cidade mais próxima
bem maior que Itaoca, foi até a Delegacia de polícia de Inhaúmas, denunciou ao
Delegado Gentil, tudo o que estava acontecendo.
O Delegado comunicou os
fatos relatados, ao comando da Policia Militar da capital, e ao Governador do
Estado.
Tropas chegaram a Itaoca,
invadiram o quartel general de João Teodoro e Ernestinho Veiga, ambos, foram
presos depois de uma certa resistência, juntamente com seus jagunços. Foram
removidos para capital onde pagariam na cadeia por muitos anos por todos os
crimes cometidos contra a população.
Todos os cidadãos se
reuniram na maior praça da cidade, fizeram um acordo para que o novo Delegado
fosse uma pessoa digna e alguém da confiança de todos.
João Vintém se transformou
no herói da cidade, foi adotado pela Prefeitura que iria dali para frente, dar
moradia, custear seus estudos e educação.
Assim, a paz voltou a reinar
naquele fim do mundo, onde Itaoca existia. Logo João Teodoro, bandido e traidor,
facínora, foi esquecido por todos.
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