JOÃO TEODORO
– O HERÓI
Isabel Conde
João Teodoro, que nunca quis ser nada, começou a
pensar sobre aquela inesperada nomeação para delegado da pacata e decadente Itaoca,
a cidade se seu coração. Itaoca, onde nada havia para ser feito, especialmente
como delegado.
Tinha nascido e crescido lá, viu a cidade definhar
a cada dia, mas mesmo assim ele amava tanto o lugar que acabou passando a vida
apenas a observá-la e, na verdade, a ruir junto com ela.
Pensou que talvez tivesse sido porque faltou algo
de muita importância para a cidade e para ele próprio, só não sabia o que!
Resolveu sair para caminhar pelas ruas de Itaoca, a
fim de arejar um pouco a mente e tentar pensar em como a vida da cidade e a de
seus moradores tinha ficado tão difícil ali, a ponto de não se manter.
Viu as ruas
e as casas, quase tudo desabitado. Um sol forte que tornava o
ambiente árido fazendo tudo ficar como que amarelado.
Viu a pequena, mas linda igreja que permanecia em
frente ao que tinha sido um dia, a praça da cidade. Hoje mais parecida uma obra
de arte coberto por um pó uniforme... Desde os bancos espalhados por ela
fazendo um corredor que levava à igreja, até o coreto, já destelhado, bem no
centro do largo.
Passou pelo Fórum que
tinha sido muito importante em idos anos. O jardim que o rodeava, agora com o
capim alto e ressecado. Tudo fechado e cheio do mesmo pó que cobria todo o
resto.
Em outra rua próxima, fechados, estava o que tinha
sido o comércio de itaoca: um armazém, duas quitandas, uma farmácia, que
chamavam de botica em sua infância. Tudo coberto daquele por aquele fino pó.
Tudo muito só!
As casas
por onde passou o fizeram lembrar a alegria, da qual tinham sido testemunhas,
pois sua infância, junto com todos os que ali moraram, haviam sito muito
felizes. Entre pega-pega, pique - esconde e outras brincadeiras, lembrou com
saudade das vezes que se sentou nos degraus das casas de seus amigos para
brincar as cinco pedrinhas, já à noitinha! Quando as mães chamavam, era hora de
dormir. No dia seguinte, tudo começaria muito bem novamente! Todos se
reencontrariam logo na primeira hora!
Sim, se encontrariam na Escola, que era um lugar
mágico, único! Pensou que ali tinha começado a descobrir a vida... sua vida e a
vida de tudo e de todos que estavam à sua volta! As descobertas eram diárias! Aprendeu
a ler e a escrever! Podia observar que cada amigo tinha habilidades diferente,
que a escola ajudava a aprimorar.
João Teodoro parou alí, em frente à Escola! Ficou
alguns minutos olhando-a e ali mesmo resolveu mudar seu destino para sempre,
como o de sua querida cidade, mas principalmente o de muitos que ali viveram e
que gostariam de ter continuado vivendo.
Teve a certeza de que a coisa mais importante para
uma cidade são as pessoas que moram nela. Só as pessoas podem construir um
lugar. Mas a questão mais importante que ele descobriu foi que era preciso
empoderar as pessoas, e isso não tinha se dado desde muito tempo.
Então, já sabia o que fazer!
Voltou para casa apressado e começou a entrar em
contato com os amigos da Escola. Falou com Matilde, Trajano, Carlos, Carmem e
Aparecido e como delegado, que agora era, e fazendo uso de todos os benefícios
que o cargo lhe concedia, fez propostas de voltarem para Itaoca a fim de
reconstruí-la.
Hoje, passados muitos anos, João Teodoro é
reconhecido como herói. Ele fez a cidade voltar a se desenvolver por sua
atitude de ter conseguido o retorno daqueles antigos amigos, que agora eram
profissionais e pessoas de bem, cada qual em áreas diferentes. Muitas outras
famílias, ao verem o desenvolvimento de Itaoca ir de vento em polpa, também
voltaram a morar e investir na velha Itaoca.
Atualmente a cidade é próspera e as pessoas que lá
vivem, muito felizes.
Anos atrás, em frente àquela imagem do o que tinha
sido sua escola, ele teve um insight e começou a construção de escolas. Essa
foi a decisão que mudou sua vida e a de todos.
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