A
GARRAFA NA PRAIA
Isabel Conde
O jovem estava bastante pensativo naquele dia e resolveu
caminhar na praia.
Cabisbaixo, experimentando a brisa que vinha do mar, com os
pés descalços a dar leves batidas sobre a combinação de água rasinha e a areia
fina, apenas observando a impermanência sob seus pés.
Depois de algum tempo e sem nenhum ânimo, decidiu parar e
sentar-se para olhar observar o milagre que era aquela imensidão de água diante
de seus olhos. Assim que fixou o olhar nas primeiras ondas, viu uma garrafa de
vidro verde escuro, com uma espécie de rolha, que parecia estar já bem
desgastada.
Curioso, moveu-se rapidamente para apanhá-la. Claro que
devia ser uma mensagem e percebeu que já estava quase animado de novo, só por
se sentir presenciando aquele acontecimento.
Fez várias
suposições sobre o que seria a mensagem! Quem sabe uma carta de amor. Ou talvez,
um pedido de socorro! Nossa! Aquilo seria incrível, parecia até que já tinha
vivido isso, ainda que fosse através de uma cena de filme!
Tinha que abrir depressa para saber, finalmente, o que
continha!
Mas, pensou, e se fosse algo ruim? Que o fizesse ficar ainda
pior do que já estava?
Era visível que continha uma mensagem em seu interior e
alem disso, parecia estar bem conservada. Ficou muito tempo olhando aquela
garrafa e pensando o que fazer, enquanto os pensamentos ruins já lhe voltavam à
cabeça.
Chegou a pensar em devolvê-la ao mar. Seus pensamentos já
estavam tomados de tristeza novamente e imaginou como seria jogar-se junto com
a garrafa, ao mar. Para sempre!
Uma gaivota passou grasnando, chamando sua atenção e
fazendo com que saísse de tão negativos pensamentos. Resolveu que seria melhor
abrir a garrafa de uma vez e assim, mataria logo a curiosidade. Certamente se
sentiria melhor, até pelo simples fato de decidir finalmente o que fazer.
A tampa estava muito apertada e difícil de retirar, deve
ter ficado muito tempo em alto mar. Mas não tinha importância, afinal ele já se
sentia bem o suficiente para procurar algum instrumento que pudesse ajudar a
abri-la já que não queria simplesmente quebrá-la em uma pedra qualquer. Tinha
criado uma espécie de afeição por aquele objeto, resolveu levá-la para casa a
fim de fazer isso lá.
Já era praticamente outra pessoa! Tinha reparado na alegria
de observar as coisas pequenas enquanto ia para casa com aquela garrafa e o que
o tinha deixado tão triste e deprimido antes, agora já não se comparava com a
alegria de ter encontrado com sua família que o recebera com tanto carinho, o
que na verdade era muito comum, ele é que nunca observava. Deu um abraço forte
e demorado em todos, que retribuíram instantaneamente.
Era então o momento de conhecer seu conteúdo, de abri-la
com cuidado. Retirou o papel que estava em seu interior e que trazia a seguinte
mensagem: “NÃO EXISTE CAMINHO PARA A FELICIDADE. A FELICIDADE É O CAMINHO.”
– Buddha
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