Plenitude
Hirtis Lazarin
(Texto elaborado coletivamente)
Juventude... Quanta saudade! A vida é
bela, os planos e sonhos são muitos e o futuro não nos amedronta.
Sara conheceu André no primeiro ano da faculdade de direito. Um olhar
mais demorado, uma atração incontrolável, amor à primeira vista. Almas
gêmeas. Quando conheci o casal, passei a acreditar em almas gêmeas.
Ambos advogados, juntaram conhecimento e competência. Surgiu um
escritório de advocacia que logo, logo tornou-se referência no meio empresarial.
Foi um pulo só até que conseguissem desfrutar de uma vida tranquila, a casa dos
sonhos, viagens, dois filhos e tudo o que o dinheiro pode proporcionar.
O tempo voou. Os filhos cresceram, criaram asas e partiram pra outro
país. E André, homem saudável, sofreu um enfarte fulminante e fatal com
menos de sessenta anos.
A casa ficou vazia. Os amigos, os namorados, as músicas tocadas bem alto,
o burburinho, tudo desapareceu. Até as brigas faziam falta.
Sara, agora, trabalhava só meio período. Nos horários vagos fazia
cursos. E foi num desses cursos que ela encontrou razão pra viver sem
André e longe dos filhos.
Dispensou o jardineiro e passou a cuidar do imenso jardim que rodeava a
casa. Era tanto carinho e delicadeza que as flores retribuíam
com mais beleza, mais formosura e mais perfume.
Era um domingo de verão. A temperatura mais alta que de costume.
Sara demorou no banho mais do que devia. Vestiu um vestido de festa e
perfumou-se com o perfume preferido de André.
A rede de renda branca, instalada no caramanchão envolto por galhos de
primavera vermelho-sangue, convidou-a a repousar.
O silêncio do entardecer era mágico e colorido pelos pios de pássaros que
passeavam por ali.
Sara adormeceu em paz como uma criança que adormece nos braços da mãe.
E... nunca mais acordou.
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