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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Primeiras Lembranças - Rejane Martins

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Primeiras Lembranças
Rejane Martins

Eu e meus quatro irmãos chegamos no dia onze de maio de dois mil e cinco. Não entendi direito, mas mamãe disse que éramos touro, apesar de todos termos características caninas. Será que somos espiões disfarçados? Se formos, como nos comunicaremos entre nós, latindo ou mugindo? Melhor latir, assim protegeremos nossa identidade secreta.

Oba, é hora do lanche que hora tão feliz, sobrou alguma mama para mim? Nossa que dificuldade, chega para lá, dá um cantinho, por favor.

Nosso primeiro passeio de carro, parece que alguém fez alguma coisa errada, mas o castigo foi coletivo, ninguém na janelinha. Ah não! O passeio foi curtinho mesmo. Iraaaado, viemos a uma butique, missão impossível, escolher uma roupinha neste paraíso, este aqui com dois tons de rosa, olha só como estou chiquetosa.

Que esquisita aquela mamadeira, além do bico fininho e metálico, não se bebia o leite, a alimentação se dava pela perna. Chegou minha vez, nossa como doeu. Depois de me machucar a mulher ruim veio me agradar, como se adiantasse.

A primeira casa foi bem legal, a transparência permitia ver as pessoas na rua.  Via de regra as mordidas que meus irmãos davam em minhas orelhas me desconcentrava e eu deixava de explorar o mundo lá fora.

Um dia resolvi tirar uma pestana, e ao acordar percebi que havia perdido quase todos meus irmãos. Pensando melhor, depois do primeiro passeio, a mamãe também sumiu. Como ficamos eu e a caçula somente, era minha obrigação defendê-la de qualquer perigo.

Me senti impotente assim que assumi a responsabilidade, nem percebi aquelas duas mãos enormes afastando minha irmãzinha. Por mais que eu protestasse unhando o vidro, vi aquelas pessoas segurando-a, pensei em chamar polícia, afinal estavam sequestrando uma menor indefesa. Ficaram com medo das minhas ameaças e a devolveram-na  sã e salva.

Mas não foi medo, foi revanche. O dono daquelas duas mãos enormes, merecia ser denunciado também por cumplicidade, me colocou no colo daqueles sequestradores. Rapidamente tracei um plano de ataque, cravaria meus dentões de leite em todos que se aproximassem.


Porém o colinho gostoso me desarmou, eu me sacrificaria para o resto da vida em troca deste aconchego. Pedirei para me enclausurarem, como é mesmo que a mamãe nos ensinou? Ah! Sim, abaixa o focinho, mira um olhar melancólico por cima dos óculos imaginário. Uhhhu deu certo. Tchau maninha, fui.    

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