O prefeito.
(Amora)
Tibério, filho de importante fazendeiro da região, mimado e
caprichoso, aprontava, desde cedo, muita traquinagem na pequena cidade de Ventura,
onde vivia.
Cercado de amigos que o seguiam nas malandragens,
compartilhando defeitos e males que, muitas vezes, causavam. Foi crescendo e
desenvolvendo personalidade fria e calculista.
Mandão, temido pelos moradores da região, era obedecido em
qualquer tipo de ordenança!
Com a morte do pai, envelhecido prematuramente de desgosto
pelo filho que criara, Tibério tornou-se praticamente o senhor da cidade, fazendeiro
rico e importante, o coronel, como o chamavam os mais antigos.
Ambicioso, louco por aumentar seu patrimônio, Tibério
resolveu comprar as pequenas fazendas do entorno. Eram vizinhos antigos, amigos do seu pai, que
não aprovavam os métodos de enriquecimento do jovem, e enraivecidos negaram-se a vender-lhe seus bens.
Para força-los inventou de candidatar-se a prefeito de Ventura,
sondando alguma lei que os obrigasse a vendê-las.
Auxiliado pelos falsos amigos, gananciosos como ele, fez
grande campanha eleitoral e, ganhou a eleição para prefeito, afastando o antigo
Dr. Honório eleito e reeleito, várias vezes.
Assim que tomou posse, cercado de capangas e amigos
corruptos, como ele, inventou que iriam construir uma estrada de rodagem, de
grande importância, passando justamente nas terras que ele tinha interesse. Dessa maneira seriam obrigados a vendê-las por
um preço mínimo, como benfeitoria à cidade. Era projeto do Governador do Estado!
– argumentava ele. Teriam que acatar.
Desgostosos, os fazendeiros consultavam-se sobre o que fazer, diante de tal ordem, dada
por tal prefeito, conhecedores que eram de suas habilidades para o mal.
Uma nova estrada seria muito boa para Ventura, aumentaria o
fluxo comercial, traria facilidades de
transporte, mas, e eles, como ficariam! Empobrecidos, sem herança aos filhos,
sem capacidade de se manterem. Só sabiam lidar com fazendas e gado!
Um deles, mais instruído, resolve ir até o Governador do Estado, sondar
de onde viria o dinheiro para o projeto da rodovia. Quem tivera dado esta
ordem!
Fica sabendo pelo Governador, Dr. Dantas, conhecido pela honestidade, que não havia verba
destinada para tal empreendimento. Ao contrário, a cidade de Ventura era pobre,
contribuindo para o Estado com pequena produção de leite e carne que enviava às outras regiões. No
momento, tal construção seria inviável ao Estado. O venturense enfureceu-se com
as bravatas de Tibério, e ali mesmo viu o Governador tomar uma decisão, mandando ao prefeito, Tibério, uma intimação
para comparecer à sede do governo para prestar declarações. Não se brinca com o
dinheiro público nem com as mentiras ordenadas ao povo!
E assim, desacreditado, chamado de mentiroso, Tibério,
amedrontado, fica obrigado a deixar a prefeitura, passar seu cargo ao vice-prefeito,
da oposição, retirando-se à sua fazenda e ainda respondendo a um processo por
calúnia!
Desgostoso, lembrou-se, pela primeira vez, da responsabilidade
e caráter que tinha seu pai.
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