A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Consulta médica - Ana Catarina SantAnna Maues


Imagem relacionada
Consulta médica
Ana Catarina SantAnna Maues

Sr. Sebastião, um nortista, estava  recente na cidade  de São Paulo, hospedado na casa do filho, Cláudio,  para uma consulta médica.                                              
            Que cidade fria! Reclamava seu Sebastião desde que chegou no sudeste do Brasil, vindo do Pará.  Minha terra é que é gostosa, quente que só o quê, não vou ficar muito por aqui não, tô até com saudade das picadas do carapanã de lá.
            O filho escutava e não falava nada. Sebastião, experimentando uma sobremesa de açaí continuava:
             Esse açaí daqui não presta,  o bom mesmo é o de lá, tão grosso  que demora a escorrer pela vasilha. Lá se toma na cuia acompanhado de pirarucu.  Ah meu filho! Aqui não se vive bem não.
             Cláudio, filho de Sebastião, tem bastante paciência com o pai, pois reconhece sua pouca instrução, mas neste momento responde irritado:
              — Calma, você vai voltar pra sua terrinha meu pai, não se preocupe. Sua consulta no médico já foi marcada. Um pouco de ânimo seria bom, o senhor está me deixando louco, cada hora inventa algo e fala, fala, aff!!!  Não consigo me concentrar, o senhor sabe que trabalho com computadores, e isso requer muita atenção.
             Finalmente chegou o dia da consulta, e seu Sebastião, entrando no consultório vai logo falando:
            — Bom dia dotô.  Sou um homem direto ao assunto, não quero perder meu tempo e nem do sinhô. Meu filho acha que eu tô com a ispinhela caída, pois sinto muita dor nos quarto. Tudo começou quando vi uma pereba no pé, me abaixei, mas tinha comido muito no café, o sinhô sabe né, café no norte é bem farto, tem mingau, tapioca, macaxeira, e eu tava empachado, o zóio tava nuviado com remela, ai perdi o equilíbrio e caí. De lá pra cá é uma dor nas cadeira que não passa. Foi mal jeito no espinhaço não foi?
   Bem,  seu Sebastião. Vou pedir alguns exames radiológicos e depois vemos o que aconteceu. Ok?
               Feitos os exames, seu Sebastião, desta vez com o filho, retorna ao consultório.
            O médico verifica tudo e vê que não é nada de sério. Receita anti-inflamatório e conversa explicando tudo ao paciente.
             Dias depois, já no aeroporto, embarcando pra sua terra tão querida, despedindo-se do filho, fala:
         — Viajar nesse troço me dá gastura, não sou passarinho. Chego lá com o pé durmente.  Sabe o que acho que aconteceu meu filho, mau olhado do cumpadre Jacinto. Mas meu santo é forte e o quebranto não pegou. A primeira coisa que vou fazer quando chegar, é ir até o ver-o-peso e comer peixe fresquinho.

            Pai e filho se abraçam, em despedida comovente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

O CASAMENTO REAL - Alberto Landi

  O CASAMENTO REAL Alberto Landi  Em uma manhã ensolarada de 22 de maio de 1886, as ruas de Lisboa se encheram de flores e música para cel...