UM
GRITO DE SOCORRO!
Dinah Ribeiro de
Amorim
Gosto muito de circo! É a maior atração de
nossa pequena cidade. Quando chega, o povo fica alvoroçado, escolhendo os
melhores lugares, disputando cadeiras e dias melhores.
Na verdade, eu e minhas amigas gostamos das
exibições, mas mais da movimentação de pessoas, principalmente dos rapazes que
costumamos paquerar!
Nesse ano, prometiam grandes atrações como
peças de teatro, malabaristas, motocicletas que se cruzavam, bailarinas famosas
e, como sempre, engraçados palhaços.
Chegou o dia da apresentação e o circo logo
ficou cheio de convidados. Eu e Marita, minha melhor amiga, procuramos lugares
meio no fundão, de onde veríamos melhor a apresentação e, também, os frequentadores.
Estávamos loucas para arrumar namorado! Já tínhamos catorze anos.
Quando as luzes se apagaram, o palco
iluminou-se e o dono do circo, todo paramentado, com um belo casaco vermelho de
lantejoulas, ia dizendo: “Respeitável
público! Muito boa noite! Teremos hoje...Não chegou a terminar. Ouviu-se um
grito estridente, pavoroso, vindo de alguém da platéia.
As luzes se acenderam imediatamente e as
pessoas se levantaram, rápidas, para ver o acontecido.
Os empregados do circo vieram num corre-corre
danado e examinaram tudo. Não conseguiram descobrir nada! Até que apareceu uma
mulher, vestida com folhas, de longos cabelos vermelhos, pintura exagerada, chamando pelo nome a sua bichinha de
estimação, que havia escapado: “Maninha!”. Fazia parte do seu número. Surgiu de
baixo de umas cadeiras, roçando nos pés das pessoas, uma horrorosa e amedrontadora
cobra verde, muito comprida, que tinha escapado do seu viveiro e só obedecia à
sua dona. O pânico dominou os presentes que começaram a sair, desistindo
daquele circo.
Eu e Marita, aborrecidas com o acontecido,
principalmente pelo fato de não termos conhecido ninguém, saímos resmungando e
lamentando o azar que tivemos.
O circo ainda ficou alguns dias na cidade,
mas com poucos frequentadores. Só os mais corajosos, munidos de lanternas e
facões. Os artistas e seu apresentador, diante disso, perderam também o
entusiasmo e foram rápido para bem longe, onde ninguém tivesse ouvido falar
nessa história. O medo de ir ao circo logo se instalou na região!
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