À
PROCURA DO NOSSO CRAQUE!
Dinah Ribeiro de
Amorim
Estudo em uma escola estadual conhecida por
ter o melhor time de futebol da região. Estamos ficando famosos, o que nos
orgulha e envaidece, embora tenhamos relaxado um pouco nos estudos. Às vezes,
levamos umas broncas dos professores e de nossos pais, mas, quando o time
“Campeões” entra em ação, todos se esquecem e torcem com a gente.
Somos mesmo fortes, sendo o nosso goleiro
Gustavo, o melhor jogador de todos, nunca perdendo uma bola! Já o elegemos
nosso capitão! Verdadeiro representante. Segundo os treinadores mais velhos,
promete muito...
Treinamos às sextas e sábados, quando não há
partidas. Estranhamos que nos últimos treinos, Gustavo não apareceu. Foi
difícil substituí-lo e logo pensamos em viagem ou doença. Não costuma faltar.
Na semana seguinte, tive uma forte dor de
dente, fazendo com que mamãe, preocupada, levasse-me até o dentista. Enquanto
esperava minha hora, folheei algumas revistas, principalmente de esportes, mas,
outra, logo chamou atenção: menino desaparecido de casa há uma semana, chamado
Gustavo. Fiquei super impressionado quando deparei com sua foto sorridente e
amiga, numa manchete daquelas! Esqueci-me da dor de dente e quis sair
imediatamente, ouvindo zanga de mamãe: “Está louco, filho! Já está chegando sua
vez. Pode até dar uma infecção sem tratamento!” Não queria ouvir, só pensava no
meu amigo, desaparecido; por isso, não tinha ido aos treinos.
Fui correndo para a escola, reunir a turma.
Tínhamos que fazer alguma coisa! Ver com a família quais foram seus últimos
passos, se avisaram a polícia, que providências já tinham sido tomadas...
Na sua casa, disseram que sua última saída
fora numa sexta-feira, cedo, para ir ao ginásio, treinar. Não foi, não voltou,
nem sabiam mais de nada.
Conhecíamos times de outras escolas de olho
em nós, com inveja de nossas vitórias, mas sempre achamos que não
chegariam a tanto. O espírito esportivo
havia no meio estudantil. Pelo menos, achávamos!
Pergunta daqui, escuta de lá, fizemos grande
interrogatório em todo o bairro. Se a polícia estava agindo, nós também
ajudaríamos. Ficamos sabendo de um tal Tonhão, meio perigoso, que costumava
fazer apostas durante as partidas de futebol dentro dos colégios. Era o seu ganha-pão! Não foi muito fácil encontrá-lo!
Ele escorregava dos lugares como bolas de sabão. Sumia no ar. Finalmente,
encontramo-nos com ele num boteco afastado, namorando uma menina, e, após muita
insistência e ameaças, concordou em falar conosco. Primeiro respondeu que nem
sabia quem era Gustavo. Demos uma prensa, e ele disse que tinha um outro time,
“Os Enquadrados”, de outra escola, que andava comentando que ele deveria ser
afastado. Era bom demais e atrapalhava os outros times, que sempre acabavam
derrotados. Isso não os estava agradando!
Sem comentar muito, chegamos ao local que “Os
Enquadrados” se reuniam para treino. Local bem afastado, preparando-se para uma
partida de final de ano, importante. Ficamos sentados, assistindo ao treino,
fingindo nem sermos jogadores de futebol. Nosso colega “Figura”, assim chamado
por acabar observando tudo, sem que notássemos, descobriu um galpão, no fundo
do terreno, bastante fechado. Achou que deveríamos dar uma olhada lá, meio
disfarçados, pois poderia chamar a atenção e deveria ser local onde guardavam seus
uniformes, bolas, etc... Figura foi andando, sozinho, à frente, no auge do
treino, enquanto todos torciam. Reparou que tinha uma porta fortemente
trancada, com uma pequena janela, meio escondida, mas semiaberta.
Espiou através dela e quase não viu nada.
Desconfiado, chamou por Gustavo e ouviu um barulho lá dentro. Chamou de novo e
o barulho repetiu. Cauteloso, voltou para o resto da turma e disse que havia
alguém preso lá. Fomos todos para lá e tentamos arrombar a porta. Figura,
sabendo que os inimigos eram perigosos, chamou antes, a polícia. Fizemos tamanho
barulho que o time parou de jogar e avançou em cima da gente. Foi um rolo de
meninos se debatendo, esmurrando, empurrando pra valer, mas “Os campeões”
venceram mais uma vez. Achamos Gustavo preso a uma cadeira, quase desfalecido,
com a boca fechada por um pano.
Pegamos o amigo, com cuidado, enquanto os
sequestradores maldosos fugiam cada um para seu lado. A polícia chegou e
pegou-os em flagrante. Não escapou nenhum!
Gustavo, feliz por ter sido encontrado,
abraçou seus amigos e voltou para casa, recuperando-se logo do trauma e
voltando ao seu time do coração. Resolvemos todos andar sempre juntos, para
maior proteção.
Quanto aos Enquadrados por serem menores de
idade e primários, iriam responder em liberdade, mas, proibidos de jogarem por
muito tempo, e sob observação da polícia.
Foi um choque para o colégio de ambos os
times, que não esperavam que a violência estivesse assim tão alastrada no meio
estudantil. Resolveram trabalhar mais nesse sentido.
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