CONTO DE FÉRIAS Nº 2
DESCOBRI
QUE ALCINÉIA É VAMPIRA!
Dinah Ribeiro de Amorim
Mamãe arrumou uma babá
meio velha e muito estranha... Vive comigo no colo, e já sou meio grandinho. Cobre-me
de beijos, deixando-me todo lambuzado... Ao invés de gostar dela, acabo me
aborrecendo e ficando enjoado com tanto mimo!
Usa um batom vermelho
escuro, pintura preta nos olhos, tem o rosto muito rosado e, seus cabelos,
azulados, compridos, parecendo o espanador de penas que a Maria, nossa outra
empregada, usa para tirar o pó.
Tenho medo de ficar
sozinho com ela, o que acontece muitas vezes. Só fico melhor quando vamos
passear na rua, vendo outras pessoas.
Preciso contar para mamãe,
que não gosto dela! Todos, em casa, acham que é muito boa, carinhosa e engraçada,
com aquele jeito estranho, parecendo atriz de circo. Ainda por cima, chama-se
Alcinéia, nome muito esquisito para uma babá.
Olha-me com uns olhos
enormes, brilhantes, escuros, chamando-me: “queridinho, vamos dormir!” Sinto
medo e custo muito para pegar no sono.
Outro dia, vi na televisão um desenho de
bruxas, voando em vassouras...
Logo me lembrei dela! Muito parecidas!
Assustado, perguntei para mamãe se bruxas existem? Ela deu risada e respondeu:
_ Claro que não, querido!
Isso é brincadeira para assustar as crianças e avisar que no mundo, podem
existir pessoas más! Só isso...
Fiquei mais tranquilo,
tentando gostar de Alcinéia. Que nome estranho...
Até que um dia, entrei no
banheiro para fazer xixi... Não sabia que ela estava lá. Fiquei muito espantado quando
vi que ela estava de rosto murcho, horrível, com os dentes na mão, passando a
escova cheia de espuma... Meu medo foi tão grande que não
deu tempo de correr, fiz xixi ali mesmo, no chão. Queria gritar chamar a mamãe,
mas não conseguia! Alcinéia me viu, colocou logo os dentes na boca e, correndo
para mim, tentou me ajudar. Comecei a chorar tão alto que a casa toda me
acudiu.
Minha mãe pegou-me no colo
e queria saber o que eu tinha! A babá, meio sem graça, não soube responder, nem
explicar porque eu estava todo molhado... Acabou sendo mandada embora! Que
sorte a minha! Parei de chorar e só
consegui falar: “Alcinéia é uma vampira!”
Mamãe sorriu, disse-me que
vampiros não existem. Mas, desconfiou que alguma coisa estivesse errada. Ainda
bem!