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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

O RELÓGIO - Alberto Landi

 




O RELÓGIO

Alberto Landi

 

Na sala havia um relógio antigo e orgulhoso que parou de bater ao meio dia em ponto.

Não por falta de pilhas, mas por pura revolta.

Durante anos reinou absoluto marcando o tempo com precisão e elegância.

Seu tic-tac era o charme da casa, até que um dia apareceu algo inesperado, um relógio digital, silencioso e moderno, cheio de luzinhas azuis piscando sem parar. Orgulhoso, mostrava as horas com números perfeitos e sempre precisos, como se dominasse o tempo inteiro.

Ao lado, na parede pendurado, estava um relógio de madeira antigo, com ponteiros elegantes, mas parado há tempos. Sua caixa de ébano carregava marcas sutis do tempo, cada veia, cada fenda, guardavam um segredo antigo. O vidro amarelado filtrava a luz com suavidade, e o som pausado guardava histórias de outros tempos, como um coração silencioso que ainda pulsava dentro daquela madeira nobre.

O relógio digital zombava do velho.

— Para que serve você, parado aí? Eu tenho todas as funções, sou rápido, eficiente e iluminado!

Mas o relógio antigo não se abalava, até que de repente, foi ativado. Seu mecanismo enferrujado começou a mover lentamente os ponteiros, marcando cada segundo com um som compassado, quase mágico.

O tempo voltou a pulsar naquele velho companheiro. Ele não era apenas um mostrador de horas, era um guardião de memórias, de histórias, de momentos guardados no coração escuro elegante do ébano.

E assim dois tempos passaram a coexistir na mesma parede: o ritmo frenético e luminoso do novo, e a calma e  a firmeza do antigo.


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