O CASAMENTO REAL
Alberto Landi
Em uma manhã ensolarada de 22 de maio de 1886, as
ruas de Lisboa se encheram de flores e música para celebrar o casamento de D. Carlos.
O jovem rei de Portugal, filho de D. Luís l, da Casa de Bragança e da rainha D.
Maria II, com D. Amélia de Orléans, uma princesa francesa, membro da Casa de
Orléans, uma mulher com espírito forte e independente.
O Palácio da Ajuda, onde viviam, estava adornado com
tapeçarias luxuosas e os nobres da corte se preparavam para testemunhar a união
que prometia trazer estabilidade ao reino.
No entanto, por trás das cortinas luxuosas de seda e
dos sorrisos forçados, um conflito fervia.
D. Carlos era pressionado pelos seus conselheiros a
formar alianças estratégicas para fortalecer o seu governo, enquanto a princesa
sonhava com um casamento baseado no amor e parceria, e não apenas em obrigações
políticas.
Durante os preparativos, D. Amélia encontrou um
diário escondido nos aposentos do rei.
As páginas revelavam suas verdadeiras preocupações:
ele temia que sua posição como rei o tornasse incapaz de amar livremente. O
peso das expectativas e obrigações reais o aprisionava e ele ponderava em seus
pensamentos se poderia ser feliz ao lado dela.
Na manhã do casamento, enquanto todos aguardavam
ansiosos na igreja, D. Amélia decidiu confrontar o rei. Com o coração
acelerado, procurou por ele nas dependências do palácio.
D. Carlos, com uma voz decidida e autoritária,
disse:
— Não podemos começar uma vida juntos se não formos
honestos um com o outro.
Ele a fitou com uma expressão de surpresa, mas seu
gesto revelava dúvida.
— Acima de tudo, sou o rei, respondeu ele, e essa é
uma prioridade inegociável.
— E eu sou apenas uma princesa, encarando-o com um
olhar penetrante.
— Não podemos ser prisioneiros de nossos papéis,
argumentou ela. Devemos encontrar uma maneira de unir nossos destinos sem
perder nossas identidades.
O silêncio pairou entre eles como uma tempestade
prestes a eclodir. O rei sabia que ela estava certa, no entanto, a pressão da
corte o sufocava.
— O que você sugere? Ele murmurou finalmente!
— Que façamos um pacto! Prometeremos nos apoiar
mutuamente em nossas aspirações pessoais e buscar juntos a felicidade que este
casamento pode nos trazer.
O rei hesitou, mas ao olhar nos olhos dela, viu não
apenas uma esposa, mas uma parceira disposta a enfrentar os desafios ao seu
lado.
— Aceito, respondeu com um leve aceno de cabeça, ele
sentiu um misto de alívio e esperança.
Juntos, eles caminharam para a Igreja Nossa Senhora
da Conceição para celebrar a união diante do povo e da corte, agora mais
seguros do que nunca de que poderiam enfrentar as adversidades juntos.
O conflito havia sido resolvido não apenas por
palavras ou promessas formais, mas pela coragem de serem verdadeiros um com o
outro.
Terminada a cerimônia, subiram numa magnífica
carruagem adornada com flores e tecidos vermelhos luxuosos. Os sinos ecoando,
som de fanfarras anunciando a passagem da corte.
À medida que se aproximava da Torre de Belém, o
entusiasmo do povo aumentava.
A Torre, com sua arquitetura majestosa, era o
cenário perfeito para esse momento grandioso.
Adultos levantando braços em celebração, pescadores
interromperam suas atividades para prestar reverência.
O casal real acenava e sorriam amplamente cientes do
papel importante que iriam desempenhar na vida dos portugueses!
E assim começou a história deles: um rei e uma
rainha que buscavam não apenas governar, mas também construir um lar onde o
amor e a liberdade pudessem coexistir!