Destino, o que é o destino?
Helio Salema
II Capítulo
Bento e Gregório eram amigos desde os tempos de colégio.
Nos fins de semana, se reuniam com outros amigos, na prática de esportes.
Mesmo quando Gregório se mudou para outra cidade a fim de
cursar engenharia mecânica, em alguns fins de semana regressava para a sua
cidade natal e era animada a reunião com os antigos amigos.
Após formatura, mudou-se para outro Estado. Nos últimos
dois anos, só se falava por telefone. Bento, ao concluir o Segundo Grau,
dedicou-se às lojas do pai, que já apresentava sinais de doença grave.
Hoje, aniversário do Bento, Gregório retornou para fazer
uma surpresa ao amigo. A mulher no carro em chamas era sua ex-namorada, que
terminou o relacionamento assim que ele saiu para outro Estado. Talvez por isso
que não retornava à sua cidade natal.
Ao ouvir o grito do Gregório:
— Sai daí…
Bento acatou a ordem e foi-se afastando em direção ao
amigo que segurava o bebê.
Um carro para próximo e um casal sai correndo. O marido, que
era bombeiro, consegue abrir a porta do carro e retira a mulher. Ele a conduz
para junto do seu carro, onde sua esposa, que é médica, logo começa a examinar
a vítima. Balança a cabeça!!!
Outros veículos foram chegando, inclusive a viatura
policial. Com o uso de vários extintores, o fogo foi sendo dominado. Do
veículo, quase nada restou. As várias malas e sacolas eram, agora, um monte de
cinzas.
Bento, que reconheceu a mulher, Maria Clara, ficou sem
saber como dizer ao amigo Gregório, que continuava segurando o bebê, como um
pai dando todo carinho do mundo ao filho, que pouco antes estava chorando,
desesperadamente.
Os policiais quiseram saber quem eram os três, que a
princípio pareciam serem os sobreviventes. Gregório explicou que de longe viu
quando o carro perdeu o controle, atravessou a pista e bateu de frente na
árvore. Parou para socorrer, em seguida, seu amigo chegou e conseguiu tirar a
criança. Eles se afastaram com receio de explosão. Então aquele casal parou e o
homem conseguiu retirar a mulher, enquanto outras pessoas apagavam as chamas.
Um policial perguntou se conheciam as vítimas. Bento
relatou que o bebê era filho da vítima, cujo marido era “AQUELE SUJEITO”
que matou um casal e fugiu, no mês passado.
— Talvez ela estivesse indo ao encontro dele.
E os parentes da criança?
— A mãe e o irmão da vítima foram embora, sem deixar
endereço, logo após ela se juntou ao tal cara que apareceu na cidade. Ninguém
nunca soube quem ele era nem de onde veio.
— Então, o bebê não tem parente?
Bento, olhando para Gregório:
— Talvez… Sim.
O policial foi chamado à viatura.
Bento, ao perceber o terrível espanto no semblante do
amigo:
— Este menino nasceu de parto normal sete meses depois
que você foi embora e não mais voltou. Sempre estivemos em dúvida, mas como
você e nem ela jamais comentaram sobre o término do namoro, decidimos ficar
calados.
CINCO ANOS DEPOIS.
Mais um fim de semana que Gregório retorna à sua cidade.
Nestes últimos cinco anos, foram pouquíssimos os que não esteve presente. Hoje
é um dia especial. Na escola, Bento e seu filho Sandro e o amigo Gregório com o
seu filho Gregorinho. Terminada a festa do Dia dos Pais, foram os quatro
almoçar.
Após o almoço, decidiram ir até um parque onde as crianças
encontraram outros amigos. Enquanto a turminha brincava, animadamente, os pais
ficaram conversando e admirando o entrosamento dos filhos. Por um instante, o
silêncio dominou entre os amigos, quando Gregório ficou bastante emocionado:
— Destino. O que é o destino?
Bento percebeu que o amigo queria revelar alguma coisa
importante, continuou calado. Gregório, em tom de desabado, começa a relatar:
— Quando eu falei para Maria Clara que tinha conseguido
um emprego, ela demonstrou-se muito contente. Ao saber que era em outro Estado,
mostrou-se surpresa. Tentei explicar que era muito importante para mim.
Foi quando ela respondeu:
— Vá e seja feliz. Não precisa voltar.
— Assim terminava um relacionamento que para mim seria
eterno. Eu só comentei com minha mãe e minha irmã, pedindo que não falassem
nada, pois eu não sabia como estaria tempos depois. Dias antes do acidente,
minha irmã telefona e diz que minha mãe estava muito doente. Decidi vir e
escolhi justamente o dia do seu aniversário. Era uma surpresa, desejava muito
lhe fazer. Só acreditei que era o pai, depois do resultado do DNA, embora
estivesse muita vontade de criá-lo como filho. Mesmo que o pai fosse outra
pessoa. Tenho pensado e refletido muito.
O que é o
destino?
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