BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES DE ITAQUERA
Henrique Schnaider
Os sete anões de moravam num casebre muito simples
dentro da mata, no bairro de Itaquera na periferia de São Paulo e lutavam com muita
dificuldade pela sobrevivência, numa cidade que é cruel com os moradores
pobres e onde milhares deles passam fome, sem nenhuma assistência, vivendo das
chamadas quentinhas, isso quando conseguem se alimentar pelo menos uma vez por
dia.
Justamente pelo fato de serem anões, enfrentam também
o preconceito, para encontrarem trabalho. A única vantagem que tinham, é que
como anões, acabavam vivendo de pequenas apresentações em circos mambembes,
estes em verdadeira extinção. Lá muito longe, na periferia da grande cidade.
À noite, cansados, porém dispostos, iam os sete em
fila indiana cantando músicas Rap e Fank
numa caminhada longa de duas horas até chegarem na Escola Estadual Mirela
Silveira. Ficavam todos na mesma classe para fazer o curso de Alfabetização de
jovens e adultos, pois eram completamente analfabetos.
Não sabiam sequer escrever seus nomes que mais
pareciam apelidos que receberam quando nasceram. Eram conhecidos como Atchim, Dengoso,
Dunga, Feliz, Mestre, Soneca e Zangado, mas pareciam felizes com seus nomes.
Os sete não se comportavam direito nas aulas, já que
eram brincalhões, dando muito trabalho para a professora que ralhava com eles a
todo momento. Mas o que tinham de pequenos, sobrava em inteligência e acabavam
indo bem nas provas, se destacando dos demais alunos.
Um dia ao voltar para casa, depois da aula. Voltavam
cantando na mesma algazarra de quando vinham. Porém no meio do caminho se
depararam com uma cena inesperada de uma menina caída desfalecida na calçada.
Tentaram reanimá-la, mas ela não melhorou.
Foi então que, condoídos, pela situação da pobre
menina, resolveram levá-la para casa. Todos juntos, lá se foram em direção ao casebre carregando a
menina..
Depois de acomodarem a menina numa caminha que eles
mesmos fizeram. Finalmente ela acordou e deram à ela uma sopinha quente. Eles fizeram
mil perguntas, mas a pobrezinha parecia meio confusa e mal conseguia
responder.
Conversaram entre eles numa pequena conferência e
decidiram dar o nome a ela de Branca de Itaquera. E assim começaram a cuidar
dela e a Branca teve uma grande evolução. Tornou-se falante, alegre e chamava a
todos de papai:
— Papai, Zangado, dá um sorriso para mim.
E ele não resistia e abria seu melhor sorriso para
ela.
Tudo ia bem na casa dos anões que de dia saiam para
fazer alguns bicos e à noite iam para a Escola. Enquanto isso, a Branca cuidava
da casa mantendo a mesma um brinco.
Certo dia ao voltarem para casa, tomaram um grande susto,
pois havia invadido a casa um homem muito mal-encarado, um verdadeiro lobo mal,
dizendo-se pai da Branca e que a levaria embora, pois ela o ajudava a pedir
esmolas nos faróis das ruas.
Os anões encararam o homem pois eram muito bons na
luta de ringue nos circos. E deram uma tremenda surra no sujeito que saiu em
desabalada carreira e nunca mais ousou voltar lá.
Hoje Branca de Itaquera é uma linda mulher. Estudou
e se formou professora. Vive ainda com seus papais anões já velhinhos, dos
quais cuida com muito amor e carinho e nem pensa em se casar, preferindo viver
com eles.
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