O desencontro de Arminda Rosa e João Gaspar
Leon Alfonsin Vagliengo
Por onde andará Rosinha?
Já deve estar bem velhinha...
Pensava o moreno trigueiro
João Gaspar, o velho tropeiro.
A fumar seu charuto, lembrava
Do tempo em que a procurava
Na Casa de Moças da cidade
O que lhe trazia tanta saudade,
Por onde em viagem passava
E com sua tropa descansava.
Rosinha, a sua preferida,
Entre tantas, a mais querida.
A única que procurava,
A única que o encantava.
Um dia, ao voltar d’viagem,
Iria criar coragem
Para dizer que a queria
Que por ela tudo faria,
Até poupá-la da vida
Por ela não escolhida.
Mas foi tão longa a viagem,
E quando chegou, com coragem,
Quanta infelicidade!
Ela mudou da cidade
Antes de saber da paixão
Que despertara em seu coração.
Naquele mesmo momento,
Em sintonia de pensamento,
Na janela do velho sobrado,
Sem ter ninguém a seu lado
Na vida que agora levava,
Arminda Rosa também lembrava
Do tempo em que era a Rosinha,
Na Casa de Moças, a rainha
Daquele cliente tropeiro,
Um belo moreno trigueiro,
De quem era a preferida.
As poucas vezes daquela vida
Em que a felicidade a dominava,
Era nos braços dele que ela estava.
Mas ele partiu em andanças,
E Rosinha perdeu esperanças.
Mudou-se para a Capital, para esquecer a
ilusão
Que tanto perturbava o seu coração.
Vida ingrata aquela, que não escolhera,
Porém, sem outra saída, a vivera.
E assim termina a história
De Arminda Rosa e João Gaspar,
Deixando para nossa memória
Um desencontro a lamentar.
Sensacional. Bela história muito bem contada. Fico pensando se isso ja aconteceu, talvez sim e muitas vezes. Afinal foram tantas as casas das meninas na beira das estradas e muitos viajantes. Parabéns.
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