Os Anclópdes e a raça Lemúrica
Ana
Catarina Sant’Anna Maués
Uma
pequena equipe de Anclópdes conseguiu partir antes da destruição do planeta
onde habitavam. Foram cinco os tripulantes, que escaparam da tragédia e
perceberam-se com o desafio de buscar uma nova terra para conservar a
civilização ora extinta pelo choque de um meteoro, cuja chegada não pôde ser
prevista e apenas, o fatídico choque identificado, momentos antes. Foi por um
acaso que se salvaram, na verdade já estavam na plataforma de lançamento, para
mais uma viagem de estudo do buraco de minhoca recém descoberto pela equipe de
pesquisa avançada do cosmo Anclópde. Buraco de minhoca é um caminho de dimensão
fantástica, que conecta locais distantes no universo, uma espécie de atalho
através do espaço-tempo. O pequeno grupo, desolado, assiste do visor da pequena
nave a gigantesca explosão que iluminou por segundos o universo de Anclo, lar
desta civilização por milênios.
Na estreita nave que corria em altíssima
velocidade sem rota definida, em direção a outro universo, absolutamente
desconhecido, o pequeno grupo convivia improvisando. Não poderiam ficar por
tempo indeterminado ali, devido insuficiência de recursos. O gás usado como
alimento, armazenado em cilindros de alta pressão, logo acabaria. Precisavam
encontrar um planeta para pousar, que tivesse atmosfera semelhante a Anclo,
densa, como névoa ígnea, parecida ao período Éon Hadeano do planeta, vizinho
deles, Terra. A crosta precisava estar iniciando a solidez, para habitarem essa
parte mais firme, porém ainda com uma grande área em fusão, de forte ebulição,
pois eram desses gases que se alimentavam e também o que faziam reproduzir-se.
Os anclópdes não passavam pela fase infantil ou adolescente em seu
desenvolvimento como era comum nos demais astros por eles já estudados. Eles
tinham um sistema assexuado de reprodução. Viviam vinte anos e após este tempo
inchavam-se de gases e expeliam como que clones de si próprios. Do anclópde
originário, aquele que produziu o clone, restava uma grossa casca oca, como
pele morta, semelhante ao processo de perda da pele nas cobras e serpentes do
planeta, ao qual para estudo sempre se comparavam, Terra.
Grande
conforto, sentiram, quando o radar detectou nas proximidades, um gás conhecido
por eles. Os controles da nave foram então ajustados e com a precisão no
cálculo, a nave saiu do caminho de minhoca e avançou em direção ao corpo
celeste que exala o dito gás.
Após
atravessarem a película protetora do planeta encontrado, aterrissaram, mas
desconheciam a denominação do astro, pois ainda não estava catalogado no mapa
galáctico que possuíam.
O
solo com erupções ardentes era tudo o que eles precisavam. Saíram da nave sem
proteção facial, sentiam-se em casa. Porém olhos curiosos os espreitavam. O
atual planeta era habitado por seres translúcidos, sem massa corpórea. Estavam
assustados com aquela aparição, eles não entendiam a matéria.
Já
haviam se passado algumas horas, em contagem terrena, porém permaneciam os
cinco tripulantes desconhecendo que o planeta era habitado. Os donos da casa esse tempo todo, não se
atreviam buscar uma aproximação. Esperavam a decisão do conselho a que eram submetidos.
O conselho encontrava-se a quilômetros de distância do local do pouso da nave.
Os cinco julgando-se sozinhos aproveitavam para realizar pesquisa e conhecer
mais a terra recém descoberta. Até que certo momento um deles sugou para a
cápsula de coleta um habitante e colocando no B13116, aparelho sofisticado de
escaneamento e aí pode detectar que aquilo tinha vida. Os outros seres que
presenciaram o aprisionamento do colega, ficaram revoltados, mas sob o comando
de um outro, frearam a cólera e aguardaram as instruções, pois o conselho
acabara de chegar. Neste mesmo momento um dos cinco completou o tempo de vida e
foi repousar próximo a um lago fumegante de gases, ali próximo, para encher-se
de argônio, hélio, neônio entre outros, para que desse vida ao seu clone, o que
aconteceu numa questão de segundos. O clone surgiu, a casca que lhe deu origem
ficou exposta, tudo isso sob o olhar perplexo dos membros do conselho e do
líder. Este, sem entender, mas curioso do que acabara de ver, entrou na casca e
tomou a forma do morto.
Dentro
da nave o tripulante tenta contato com a vida que descobriu. Corre ao banco de
dialetos intergalácticos buscando identificar as palavras pronunciadas pelo
ser. O clima de descoberta reinava tanto dentro quanto fora da nave.
O líder agora com a casca feita de corpo,
tenta um contato.
Foi
uma surpresa impactante tanto dos habitantes, quanto dos cinco tripulantes essa
dupla descoberta. Depois de escutar sobre a destruição de Anclo e sobre o modo
como se alimentavam e se reproduziam, eles pediram que pudessem usar a carcaça
abandonada, quando fossem dar surgimento a um clone e assim os dois povos,
resolveram conviver. Os Lemúricos finalmente teriam um corpo e em contrapartida
eles permitiriam que os anclópdes se alimentassem dos gases do planeta.
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