RUINDADE
PROFUNDA
A casa era
humilde, o mínimo de mobília. Ali morava Rui, a mulher Luiza e o filho João.
Ambos,
sofriam demais na mão cruel daquele homem, que os fazia passar fome, como um
cão perdido nas ruas. Tratava-os como um carcereiro trata o preso mais
desprezível. Não precisava de muito pretexto, lá iam mãe e filho, sofrendo o
pão que o diabo amassou.
Mãe,
filho, já não aguentavam mais, começaram a tramar uma vingança para se livrar
de uma vez por todas de Rui, o carrasco.
Esperaram
uma tarde, após o almoço quando Rui fazia a sesta no porão da casa. Rui já
roncava feito um suíno, mãe e filho chegaram pé ante pé, trancaram-no no porão
fétido, sem água, sem luz.
Quando
acordou Rui percebeu a porta trancada. Depois de constatar que estava preso,
começou a gritar chamando-os exigindo que abrissem a porta, prometendo castigá-los
como nunca havia feito.
Ambos,
Luiza e João, disseram-lhe que só abririam a porta se ele prometesse mudar de
atitude, tratasse a família de maneira civilizada.
O canalha
aproveitou-se da pureza deles, e garantiu-lhes uma vida de paz e tranquilidade.
Acreditando nas promessas vãs, abriram a porta.
Tão logo Rui
viu-se livre, iniciou um verdadeiro festival de maldades, castigos físicos da
pior espécie. Assim a vida continuou, sem que mãe e filho, tivessem qualquer
esperança de que algum dia sua vida pudesse melhorar, sair daquele inferno na
terra. O biltre continuou reinando, sem o menor ressentimento, cada vez mais,
parecendo gostar das ruindades que praticava.
O PERDÃO
MUDA O CORAÇÃO ENPEDERNIDO
Os dias
passavam, os meses, depois anos, O casal foi sentindo o peso do tempo, enquanto
isso, João se tornou um jovem muito inteligente, alto, robusto, forte pelo
intenso trabalho que o pai sempre lhe impôs.
Apesar da
idade, João ainda obedecia seu pai, porque assim se acostumou, sempre recebendo
ordens de forma estupida, as cumpria à risca sem questionar.
O jovem já
começava a se interessar pela bela jovem Yara, cabelos louros de um dourado, do
ouro mais puro. João encheu seu coração dos mais belos sentimentos de alegria.
Logo de cara perceberam que tinham muitas coisas em comum.
Namoro
iniciado, a vida do pobre rapaz, continuava, insuportável em casa, só docemente
aliviado agora pelo amor, que começou a brotar de seu jovem coração.
Cada vez
que se encontravam, o sentimento de ambos se tornava mais forte, tudo virava
festa para eles, riam à toa, aliviando João, como um balsamo, aliviando seu
sofrimento com o pai.
Rui apesar
do peso dos anos, continuava cada vez mais cruel, judiando muito de Luiza, já
que o filho saia para estudar. Agora o homem, ficara inventivo nas crueldades,
trancava Luiza naquele porão imundo, verdadeira casa dos horrores, parecendo se
deliciar como se estivesse ouvindo o som de uma linda melodia, com o choro da
mulher.
Aquele
senhor, já começava a sentir, que estava ficando alquebrado e o pior estava por
vir, pois Rui estava com câncer, o que lhe tirava as forças, precisando ser
cuidado pela mulher e pelo filho, dependendo da boa vontade e caridade de
ambos.
Luiza e
João, começaram a ter um sentimento dúbio, uma verdadeira dicotomia, por um
lado o rancor que os levava a sentir quase que uma alegria incontida, por uma
dadiva recebida pelo castigo que a vida deu a Rui, mas ao mesmo tempo um
sentimento de pena e de amor por aquele pobre velho doente e acabado.
No fim
prevaleceu o perdão, que tanto mãe como filho, abrandaram seus corações,
esquecendo rancores, demonstraram apesar de tudo, amor e carinho por Rui,
cuidando dele com muito desvelo.
O velho
homem acabou tendo seu coração amolecido diante de tamanha demonstração de
amor, de carinho, apesar dos males feitos. Com lágrimas escorrendo, pediu
perdão por tantos anos de sofrimento, finalmente morrendo em paz.
João
casou-se com Yara, dando lindos netinhos para Luiza, possibilitando a ela, nos
últimos anos de vida completa felicidade.
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