A VENDEDORA DOS SENTIMENTOS MAIS PUROS
Henrique Schnaider
Antônia
vivia em Bananeiras, cidade no interior da Paraíba. Lutava com os pais para
enfrentar a miséria e a fome.
A jovem
tinha que ajudá-los na pequena roça que possuíam. Todos os dias caminhava cinco
quilômetros, sem esmorecer, até chegar a cidade mais próxima onde estudava.
Seus
pais eram muito simples. Trabalhavam no campo, de sol a sol, e na pele já
curtida parecia.
Eram
analfabetos, mas adoravam quando Antônia lia livros que ganhava na escola. Eram
contos fantasiosos que os deixavam deslumbrados.
Com o
correr do tempo, a jovem Antônia adquiriu uma beleza natural. Vivia livre como
um animalzinho solto no campo.
Com o
conhecimento adquirido, começou a alfabetizar várias crianças que não iam a
escola.
Como o número
de alunos aumentava, os pais da jovem, construíram uma cabana que seria a
primeira escola de Bananeiras.
A jovem
começou a ser procurada por adultos e jovens da região na parte da noite. Ela
ia para escola de manhã e reservava as tardes para alfabetizar crianças.
Antônia
começou a receber em troca dos ensinamentos, galinhas, cabritos, coelhos e
outros animais caseiros. Às vezes, até um dinheirinho.
Ela gostava
de escrever cartas. Os adultos ditavam mensagens para serem enviadas aos
familiares distantes. Orientava-os a expressar seus sentimentos. Ela gostava
das palavras, saudade, amor e carinho.
Os pais
dela estavam muito orgulhosos e não cabiam em si de tanta satisfação por ver a
filha tão dedicada a ajudar aqueles que não tinham oportunidade de estudar.
Antônia
ensinou àquelas pessoas a sentirem-se orgulhosas por serem cidadãos nascidos
neste enorme país chamado Brasil.
Todo sábado,
ao cair da tarde, reunia alunos e sitiantes para cantar o hino nacional. Era um
momento de orgulho, emoção.
Antônia
casou-se com um jovem da região, um dos alunos que aprendeu com ela as
primeiras letras. O rapaz declarou todo seu amor numa carta recheada de devoção
e carinho.
Hoje,
já adiantada na idade, a professora Antônia, deixou um legado maravilhoso. Os
cidadãos de Bananeiras homenagearam-na com uma estátua na pracinha. Nas mãos,
um caderno e uma caneta, instrumentos do seu trabalho.
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