Mas Que Mundo É Esse?
Rejane Martins
Esta é a história de um garoto de três anos chamado
Guilherme, apaixonado pelas histórias que seus pais viveram. Veladamente frisava
todos os dias o batente da porta, e em seguida ávido, checava o quanto já crescera.
Apesar de pequeno tinha consciência que seria necessário atingir certa
maturidade para acompanhá-los nas peripécias. Sonhava com o momento de relatar
sozinho as aventuras experienciadas de forma tão inebriante e única, e também
de conduzir com tanta intensidade as conversas na roda entre amigos.
A fala da mãe exercia um poder mágico sobre ele,
sentia-se hipnotizado com os relatos e o tom de voz ora suave ora excitante. Diariamente
prometia a si mesmo ao se levantar que ficaria alerto, não perderia nada,
nenhum suspiro sequer. Anotava mentalmente cada palavra e já a ordenava em posição
de destaque no rol de prioridades.
Em primeiro lugar da lista, encontravam-se as
compras no oceano, ansioso para imergir nas profundezas e finalmente ver as
árvores onde cresciam os “Frutos do Mar”
tão saborosos e servidos em ocasiões especiais. Mas o que mais intrigava o
rapaz é como sua mãe voltava sempre seca para casa, a água do mar não umedecia
nem os cabelos nem as roupas.
Estudava cuidadosamente os movimentos dos pais a
procura de promoções que acabavam logo, isto porque deviam ser muito gostosas,
mamãe dizia que todos queriam “Agarrar
com Unhas e Dentes”. Mas a fascinação mor era a viagem feita por seus pais naquele
hotel fazenda que “Parece um Paraíso”,
lá só trabalham anjos, e o mais legal é que os anjos-monitores ensinavam todos
a “Andar nas Nuvens” deve ser um chão
tão fofinho, imagine pular de uma nuvem para a outra e ver a terra lá embaixo,
bem longe.
Mas há lugares muito perigosos, que quer passar
longe. Lembra do estresse causado pelo passeio indicado por um “Amigo da Onça” e também da mamãe. Só que
não foi a fera que causou a fúria, mas o fato de tomar um “Banho de Água Fria” assim que chegou lá. A irritação foi tamanha que
induziu a fazer algo que o menino jamais a imaginou ser capaz daquilo, ela “Bateu e Voltou” para casa. Coitado de
quem apanhou, deve ter doido muito.
Já em casa, ligou para o amigo, agora só do felino,
que naquele momento estava trabalhando com um comparsa muito esquisito, ele era
o “Advogado do Diabo”. Logo o garoto
deduziu que o sujeito não deveria ser tão mal assim, pois o pai tentando acalmá-la
disse que com ele tudo “Acaba em Pizza”.
Oba, pediria a de mussarela que ele adora.
Inquieto, durante o jantar, expôs o desejo de
acompanhá-los citando as proezas. Por um longo tempo riram copiosamente, tentaram
explicar uma coisa chamada “força de expressão” e como interpretá-la. O garoto não
entendeu nada, mas mais uma vez esperaria pacientemente agora pela alfabetização,
só então saberia onde procurar “O Pé da
Letra”.