Rejane
Martins
A
eficiência do quarto poder emprestou à mídia informal sua grande força. Atuando
de forma quase invisível e usurpadora, influencia e molda o comportamento da
sociedade.
Atire
a primeira pedra, a mulher que nunca acordou, abriu o guarda-roupa e se viu diante
de uma missão quase impossível, o que vestir. Mas para algumas o desafio não só
depende do humor, do clima, da pressa ou da disponibilidade de objetos
pendurados à sua frente. O censor social o crivo de maior peso, é o julgamento
das outras que estipula o que e quando usar determinadas roupas.
Mesmo
com a intenção de passar a mensagem “Não estou nem aí para ninguém” quando opta
por indumentas básicas, ou ainda escolhe uma malha cinza que transmite um texto
desesperançoso, o espaço é vasculhado a procura de uma peça com etiqueta de
peso. Afinal, mesmo no descuido o toque deve ser de butique.
É
mais burlesco ainda analisar esta mulher no meio social, deseja um bom dia à
calça social azul e a camisa branca de botão com o logo do condomínio no bolso
à esquerda, que hospeda o corpo do Sr. Juvenal o porteiro. O simples fato de
cruzar na rua com um casal de tênis de corrida, fone de ouvido, ele com uma
camiseta customizada “No pain, no gain” e ela com uma meia colorida mega
colada, a faz automaticamente elevar as mãos e esconder a barrigona. Sem
prejulgamento se justifica com o senso comum de que todas pessoas metidas a
fitness gostam de aparecer.
No
ponto de ônibus chega a tempo de fazer companhia a um senhor de terno escuro
carregando um livro de capa de couro preta, com o nariz torcido posta-se ao
lado do religioso e inicia mentalmente o cálculo do tempo que está longe da
religião. Porém o prazo para determinar o número exato é exíguo, sua a atenção
logo foi atraída para aquela jovem mulher apaixonada pelo verão, usando short
jeans e blusa soltinha tipo rata-de-praia, caminhando ao lado de um jovem
envelhecido pela barba grande e descuidada, vestindo uma camisa xadrez vermelha
bem estilo lenhador dos tempos modernos. Ah! Com certeza é ela que canta de galo.
Visão
bloqueada com a chegada da condução que já abriga uma típica menina de 17 anos,
com mochila, all star e jeans, sonhando acordada em vez de estudar para o Enem,
o que esperar do futuro nas mãos destes jovens.
E
assim com vários novos amigos que nem a conhecem, muitos iniciam mais um dia de
trabalho relaxados após executarem a dinâmica ocupacional do bicho fofoqueiro.
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