A sogra
Ana Catarina SantAnna Maues
Eles queriam casar, mas precisavam de
uma ajudinha. A sogra de Laura dizia sempre que podiam contar com ela, mas a
ajuda financeira não vinha nunca, e os preparativos não tinham início, até que desistiram de esperar e com economia
própria casaram.
Na humilde casa alugada podia não ter
nada, mas o clima de amor, companheirismo e união entre o casal era visível, o
que despertava ódio mortal na mãe de Fábio, que arquitetou um plano para causar
discórdia entre eles. Passou a ir todas as tardes, ter um dedinho de prosa
com a nora. Nas visitas, as duas conversavam, tomavam chá, assistiam tv, mas ela sempre ia embora antes do filho chegar do
trabalho. Quando o marido chegava, Laura dizia:
— Sua mãe esteve aqui!
E ele estranhava por não
tê-lo esperado. Com o tempo, este
fato o incomodou, e ele foi ter
com a mãe, indagar sobre a conduta, que ela aproveitou e inventou diversas
mentiras a respeito da nora, dizendo
que visitava para demonstrar amizade,
mas ela a deixava sozinha na sala; que as vezes chegava e sabia que
estava em casa, mas não lhe abria a porta; noutras ela até entrava, mas
a nora logo a enxotava dizendo estar ocupada. Ele acreditou na mãe e indignado,
chegando em casa brigou com a esposa, que perplexa chorou muito, sofrendo sem
entender porque que havia inventado
coisas tão terríveis. Laura foi criada em orfanato, por isto transferiu para a
sogra o amor filial que guardava. Em profundo abatimento calou-se. Não abriu a
boca em defesa própria. Em sua confusão mental
estaria agredindo a mãe biológica que não conheceu.
No dia seguinte, a sogra foi à casa deles
no horário de costume, e mal a porta
abriu, falou rispidamente:
— Você não vai roubar meu
filho!
Laura tímida, com autoimagem fragilizada,
estava confusa diante daquela pessoa tão significativa, que de uma hora pra
outra mostrava-se perversa, dissimulada, e pior, com poder de fazê-la perder o único
bem de toda sua vida, Fábio.
— Se quer continuar casada, disse a
sogra, vai ter que fazer tudo o que eu
mandar. Amanhã cedo você vai à minha casa, assim que meu filho sair pro
trabalho, limpa-la, depois cozinhar,
lavar e passar minhas roupas, só depois vem cuidar da sua, se der tempo! E caiu
na gargalhada.
E assim passou a ser a rotina de
Laura. À duras penas dava conta das duas casas, sem nada revelar ao marido.
Essa situação a deixava exausta. Nos domingos não tinha ânimo para nada, o marido reclamava de sua
apatia, mas a amava tanto que logo arrependia-se de ter reclamado. Ela
respondia com silêncio. E o domingo passava insípido e sem graça.
Os dias passavam e nada mudava. Laura cada vez mais
fraca, muito pálida e abatida, começou a emagrecer e acabou doente. Até que um
dia caiu na rua e foi hospitalizada. O
médico chamou os familiares e avisou
que ela estava no último estágio de leucemia. Fábio ficou louco com a
notícia. Inconsolado abraçava a mãe no hospital e pedia que rezasse por
Laura, pois se morresse, ele também
morreria. Infelizmente nada mais podia ser feito, Laura depois de alguns
dias morre e com a notícia, em ato
desesperado, Fábio se suicida.
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