Que
tarde!
Carmen
Lucia Raso
De longe pude vê-lo
abraçado à outra. Pareciam tão íntimos, tão antigos.
Respirei fundo, contei
até cem em alguns segundos, sem sequência ou coerência.
Parada quase no meio
fio, sem que me notasse, fiquei
escondida atrás de uma árvore de tronco largo e galhos fartos que me dava total
cobertura e eu observava com olhos de lince e coração de presa amedrontada.
Não sabia bem o que
fazer, se atacava como caçadora ou me mantinha estática para que não me
encontrasse.
Os abraços entre eles me
arrepiavam de raiva, eles riam muito, ele passava as mãos nos seus cabelos e
seus olhos percorriam aquela moça de linda aparência, de cabelos longos,
cacheados, se afastavam de mãos dadas e logo vinha mais um abraço.
Tinha a sensação de que o
tempo não passava, alguns segundos, uma hora, uma eternidade? Não saberia
dizer.
Fiquei triste, brava e ao
mesmo tempo decepcionada pelo que via do outro lado da rua.
De repente um vento
gelado me acordou daquele transe, daquele turbilhão de sentimentos em que me
encontrava.
Que horror! - pensava.
Um homem que passava por
ali quis saber sobre uma doceria numa rua que eu não conhecia e lá fui eu
desviada da minha espreita.
Onde estão? Perdi os dois
de vista! Não acredito que sumiram. Onde foram?
Atravessei a rua em busca
do que me aguardava.
De repente bateram de
leve em minhas costas e quando virei meus olhos encontraram os daquela moça que
ha pouco se abraçava ao meu namorado e me dei conta de que ela se parecia muito
com ele. Em seguida ele chega com flores estendidas para mim.
— Pra você, meu amor!
Não entendi mais nada.
—
Dois presentes, as flores, e minha irmã gêmea que foi
criada na Itália, por nossos avós e acaba de chegar. Como eu vinha me encontrar
com você resolvi marcar nosso encontro aqui mesmo em frente a Livraria para
tomarmos nosso café. Não foi aqui que marcamos?
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