A
Fada e o Acauã
Jany Patricio
Maria caminhava lenta. Pés
descalços, cabelos desalinhados. Na cabeça, lata d’água vazia. Flor, sua filha,
a acompanhava a passos mansos. Seus olhos vivos, cor de mel, seguiam curiosos o
voo do Acauã.
A mãe procurava o riacho
que passava perto da pedra, onde o pássaro pousara. Uma lágrima saiu do canto
do olho, escorregou pela maçã do seu rosto e molhou a terra seca.
Acauã levantou voo e sumiu
no céu sem revelar seu canto.
Voltaram para o rancho na
boca da noite. Maria entrou, enquanto Flor encostou-se no pé da cerca para
admirar o espetáculo do céu, carregado de estrelas.
Quando de repente:
Sssssss! Sssssss! – Sorrateira, uma cobra se aproximava.
Va-voom! – Surgiu do céu o
Acauã. Pegou o réptil e voou para uma aroeira.
Flor observou o pássaro,
que satisfeito lançou um olhar para Luzibel, uma fada de asas verdes e vestido
azul que caia do céu, meio desengonçada.
Trash! Trá! Prá! -
derrubou as cuias secas sobre a cabeça da menina.
— Desculpe! O que posso
fazer para me redimir?
— Precisamos de água. O rio
está seco e minha mãe chora.
— Bom... minhas asas não
me obedecem. Já sei! Aquele Acauã vai nos levar até o rio. Vamos! Suba!
Voaram alto e chegaram.
— Agora vou usar minha
varinha mágica...Huuum...Acho que a perdi. Não faz mal. Que planta é aquela?
— É um mandacaru. – disse
a menina.
— Então vá até lá e
arranque um espinho. Vai ser minha nova varinha!
Diante da expressão de
receio no rosto da garota, por medo de espetar o dedo, a fada disse:
— Bah! Está bem, está bem!
Pegue aquele galho seco mesmo! Quem não tem cão caça com gato! – falou Luzibel,
enchendo as bochechas e franzindo a testa, com cara de enfezada.
O rio, achando engraçado o
jeito da fadinha, começou a rir. Mas riu, riu tanto que passou a chorar de rir.
As lágrimas eram tão grande quantidade, que começaram a inundar o leito e
subir, subir até as margens. E mais, fizeram brotar as minas lá no rancho da
Maria, que agora ria, ria, ria.
Após deixar a Maria e a
Flor felizes, a fadinha despediu-se e voltou para as estrelas levada pelo
Acauã, que finalmente liberou seu canto!
— Acauã, Acauã, Acauã...
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