UMA VIAGEM INTERESSANTE.
Alberto Landi
Algum tempo atrás tive a oportunidade a convite da
empresa, a qual trabalhava, de visitar as instalações fabris no município de
Candeias, Bahia. Ela produzia a matéria-prima para fabricação de borracha e
para utilização em outros segmentos de mercado Conhecido com o nome técnico de
Carbon Black ou Negro de Fumo.
Ao chegar ao aeroporto, no município de Lauro de
Freitas, saindo em direção a Salvador, há um grande bambuzal que forma uma
espécie de túnel natural sobre a via, ocupando um trecho de um pouco
mais de 1,5 km de extensão. O cenário se tornou um dos cartões postais da
cidade. Seus feixes envergados existem há cerca de 80 anos e já faz parte da história do Brasil.
Teve no passado, uma importância estratégica, esse local foi criado
entre os anos 20 e 40 e serviu para proteger a base aérea brasileira e
americana, em meio a tensão da Segunda Guerra. Esse corredor florestal era
utilizado para esconder e camuflar o acesso à chegada da base, onde estavam os
aviões da FAB e Americana.
Após esse período, se tornou o caminho oficial de
Boas-vindas e despedidas dos visitantes. A cidade se desenvolveu para a região
próxima do bambuzal. É o primeiro ponto turístico a ser visto por quem chega à
capital baiana e também é o último, no caso de quem sai pelo aeroporto.
O encantamento pela paisagem não é novo, desde a
segunda metade do século XX, os bambus chamam atenção, é um espaço a ser
preservado.
Dirigindo por essa via elegante, ladeada por
bambus, uma paisagem impecável, fiquei surpreso ao me pegar dirigindo muito
mais rápido do que o generoso limite de 60 km por hora. O motor silencioso e a
aceleração linear do veículo alugado, um Onix, faziam com que todas as
velocidades parecessem quase idênticas.
Repentinamente, o trafego foi interrompido por um
acidente na via, enquanto parado, fiquei navegando na internet no pequeno
computador instalado no painel do carro, e me atualizava com as notícias
divulgadas no mundo inteiro. Os noticiários já anunciavam novidades que
permitiriam aos seres humanos limpar os oceanos poluídos, produzir água potável
ilimitada, cultivar alimentos no deserto, curar doenças mortais, lançar enxames
de drones movidos a energia solar.
Durante o meu estágio na fábrica, conheci pessoas
simples, algumas voltadas para artes e cultura.
Findo o estágio, me restou três dias para explorar
um pouco a capital, que esse ano comemorou 474 anos.
Visitei com algumas pessoas, iniciando pela Foz do
rio Joanes, num local chamado Buraquinho, paradisíaco onde o mar e o rio se
encontram, uma inigualável beleza, cercada por coqueiros, areia clara e
cenários fotogênicos.
Farol da Barra, lindo monumento dos tempos da
colonização, construído antes mesmo da cidade a ser fundada. Erguido em 1536, é
a primeira fortificação do País. A torre atual foi instalada em dezembro de
1839, homenagem ao nascimento e D. Pedro II, abriga também o museu náutico da
Bahia.
Visitamos algumas igrejas, muitas me chamaram a
atenção, como a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.
Este santuário era iluminado apenas com a luz
natural virada dos altos vitrais e o ar tinha um cheiro forte de incenso.
Altares dourados, e bancos de madeira polida, um estilo barroco, havia acordes
crescentes vindos de um órgão de tubos que ressoavam por todo o santuário.
Repentinamente apareceu um homem, que aparentava uns
60 anos, ereto e régio, com uma postura até jovial e uma expressão convincente.
Pensei é o bispo! Que privilegio poder conhecer bem
de perto.! Usava batina sacerdotal branca, estola dourada, uma faixa bordada e
uma mitra cheia de pedras preciosas. Avançou com os braços estendidos para a
congregação presente no momento, parecendo flutuar enquanto ia ao centro do
altar, passando pelo púlpito formal e descendo, de modo a ficar no mesmo nível
dos paroquianos. Em seguida fez a leitura de uma passagem do Evangelho
de São Marcos.
Nos santuários que visitei, observei também a
perfeição dos entalhes feitos manualmente, a ligação com Deus nas esculturas
sacras e a conservação dos monumentos, simplesmente exuberante.
Posso afirmar que tudo isto me encantou nessa cidade
com suas belezas do tempo colonial em contraste com o modernismo. Povo
alegre, comunicativo, descendente de uma miscigenação que deu origem ao povo
baiano: europeu, indígena e negro africano.
Tenho que agradecer aos novos amigos que fiz, os
quais demonstraram muita solidariedade!
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