MULTIDÃO
NO VIADUTO
Helio Fernando Salema
Um colega de trabalho vai até a janela…. Espantado exclama:
— Nossa! Quanta gente no viaduto.
Eu concentrado numa tarefa prazerosa imaginando o que
relatar na carta para uma amiga da minha cidade, mas sem ter qualquer assunto
importante, surpreso fiquei ao olhar naquela direção e avistar várias pessoas sobre
viaduto Santa Efigênia. Apesar da distância, era possível ver que algumas ao passar,
paravam e olhavam para baixo.
Um outro colega que também se aproximou da janela, pouco
depois fez um comentário:
— É mais um desesperado que pulou do viaduto para outro
mundo.
Algo que era bastante comum naquela época, porém, resolvi
levantar-me e cheguei até a janela. Não consegui avistar a rua que passava por baixo
do viaduto e fiquei na dúvida. Outros colegas concordaram com a possibilidade
de suicídio. Até um que acrescentou que era o segundo naquela semana.
Voltei para minha mesa tentando concentrar-me na minha
proposta inicial de escrever a tão desejada e adiada carta. Com dificuldades de
encontrar assunto, decidi falar sobre o acontecimento. Expliquei em detalhes
sobre aquilo que meus colegas concluíram a respeito da multidão que estava no viaduto
há vários minutos.
Quando escrevia sobre a saudade, não só da minha cidade,
mas também da amiga, uma inspiração bastante curiosa pegou-me de supetão.
LONGE DE TI SÓ PENSO EM DESCER
NUM TREMENDO EMBALO,
DO SANTA EFIGÊNIA AO CHÃO,
MAS PELAS ESCADAS…. É CLARO.
Assim com a carta concluída, dobrei-a de uma maneira
diferente do usual, como aliás sempre faço, e logo após a inseri no envelope já
preenchido. Fui correndo colocá-la nos correios. Ao chegar próximo ao prédio, avistei
um grande número de pessoas aglomeradas na praça dos correios. Olhei para o
viaduto e lá ainda estavam vários curiosos olhando para baixo.
Vislumbrado fiquei ao ouvir um som contagiante e ao aproximar-me
fui tomado por uma alegria que me contagiou, ao ver que era um grupo de
capoeira se apresentando.
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