E se...Nosso texto e todo o
contexto, fosse escrito com certa rima, que tivesse mesmo um pretexto, que
fosse criando um clima, abaixo e acima, como a esgrima que num embate, mesmo que
não mate, o adversário intima?
Pois é....Hoje vai ser brincadeira,
e mesmo que você não queira, mesmo que escreva asneira, seu texto será a
floreira, capaz de brotar sentimento, de amor ou odiento, uma reza ou lamento,
mesmo que não queira, vai parecer brincadeira.
Vamos usar o SITE DE RIMA (há outros sites de rimas, dicionários de sinônimos, de antônimos que podem ser utilizados para melhorar o vocabulário poético) para ajudar a JOGAR com um número maior e melhor de palavras. Vamos dar sentidos diferentes para elas. Atribuir sentimentos, cheiro, cor, sabor...
Trabalhar versos, compor poema, trova, prosa... algo diferente, frio ou quente, invente. O que importa é
que a criação seja construída como uma válvula de escape, uma boa diversão, não
importa o gênero.
Lembrando que é uma atividade de lazer poético para refletir sobre o tema e apresentá-lo de modo diferente do conto, por exemplo. A rima é composta por elementos sonoros, então procure rimar.
Prosa Poética
O texto em prosa poética pode ser composto no sentido conotativo (sentido figurado), ou no sentido denotativo (sentido real). Deve-se preocupar coma estética do texto, e com as imagens que fazem aflorar os sentimentos no leitor. Pode ser escrito na primeira pessoa:
Poemas
Já, um poema é constituído de versos e estrofes, sendo que os seus versos podem apresentar ou não rima.
O soneto, que é uma forma fixa, apresenta sempre quatorze versos.
Soneto (Luiz Vaz de Camões)
Mudam-se o tempo, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Estrofes
A estrofe é o conjunto de versos. Um soneto é constituído de dois quartetos (estrofe com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos).
Mudam-se o tempo, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Rimas
Os versos de uma poesia podem ter rima, que é o resultado de sons iguais ou semelhantes entre as palavras, seja no final ou no meio dos versos (rima interna).
Quanto à posição na estrofe, as rimas podem ser:
a) Cruzadas ou alternadas (ABAB)
“Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada A
E triste, e triste e fatigado eu vinha; B
Tinhas a alma de sonhos povoada A
E a alma de sonhos povoada eu tinha.” B (Olavo Bilac)
b) Interpolada (ABBA)
“Para canto de amor tenros cuidados. A
Tomo entre voz, ó montes, o instrumento; B
Ouvi pois o meu fúnebre lamento; B
Se é que compaixão dos animados.” A (Cláudio Manuel da Costa)
c) Emparelhada (AABB)
“O universo não é uma idéia minha. A
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. A
A noite não anoitece pelos meus olhos. B
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos”. B (Fernando Pessoa)
d) Internas: Ocorre quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte.
“Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz.”
(origem: estudo prático)
Poesias para crianças
O Menino Azul, de Cecília Meireles
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
– de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Pontinho de Vista, de Pedro Bandeira
Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.
Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!
A porta, de Vinicius de Moraes
Sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Não há nada no mundo
Mais viva que uma porta
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Eu fecho tudo no mundo
Só vivo aberta no céu!
Poeminha do Contra, de Mário Quintana
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Guarda-chuvas, de Rosana Rios
Tenho quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito;
Um emperra quando abre,
outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino,
pra carregar por aí;
Porém, toda vez que chove,
eu descubro que esqueci…
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
nenhum dos quatro me vale –
eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas
que não me servem de nada;
Quando chove de repente,
acabo toda encharcada.
E que fria cai a água
sobre a pele ressecada!
Ai…
Canção para ninar dromedário, de Sérgio Capparelli
Drome, drome
Dromedário
As areias
Do deserto
Sentem sono,
Estou certo.
Drome, drome
Dormedário
Fecha os olhos
O beduíno,
Fecha os olhos,
Está dormindo.
Drome, drome
Dromedário
O frio da noite
Foi-se embora,
Fecha os olhos
Dorme agora.
Drome, drome
Dromedário
Dorme, dorme,
A palmeira,
Dorme, dorme,
A noite inteira.
Drome, drome
Dromedário
Foi-se embora
O cansaço
E você dorme
No meu braço.
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário.
A Canção dos tamanquinhos, de Cecília Meireles
Troc… troc… troc… troc…
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc… troc… troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Madrugada. Troc… troc…
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Chove. Troc… troc… troc…
no silêncio dos caminhos
alagados, troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
E até mesmo, troc… troc…
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc… troc… troc…
com seu par de tamanquinhos…
Meus oito anos, de Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
(origem: Blog Leiturinha)
TAREFA 1: Agora é
sua vez. Criar um texto poético para crianças. E, como diz Pedro Bandeira no poema PONTO DE VISTA (acima), aproprie-se do "ponto de vista" para chegar às crianças com sua poesia.
TAREFA 2: Compor uma poesia que trate da primavera. Saia do "lugar-comum". Provoque seu leitor, abuse das cores, e perfumes. Utilize o dicionário de rimas, se desejar. Pode ser uma prosa rimada, se quiser.
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