ZÉ
BANANA
Henrique Schnaider
Carlos Gonzaga, apelido de infância (Zé Banana). Hoje
grande artista, escultor famoso e pintor e respeitado e admirado. Já realizou
várias exposições de suas obras, tanto de esculturas como pintura de quadros da
natureza.
Atualmente trabalha em sua obra prima. É a pintura
da floresta da Gávea. Para isso resolveu acampar no centro da mata. Ele quer
viver e sentir na pele o quadro que está pintando. Ouvir os sons e os piados que
vem de lá.
O Zé Banana montou uma barraca e aproveita o que a
mata pode oferecer. O vento as vezes assobia nos seus ouvidos e a chuva molha
seu corpo em dias chuvosos. A preocupação principal é proteger a sua obra das
intempéries.
Um macaquinho visita o Zé Banana todas as manhãs
fazendo micagens. Tornou-se um amigo curioso para ver aquilo que ele está
tentando pintar e até parece que o símio entende e analisa a obra. Um papagaio
tornou-se um frequentador do local, pousa na barraca e taramela, curupaco papaco, curupaco, papaco. Parece que ele tenta se
comunicar e dar também a sua opinião.
Todos aqueles bichos amigos injetavam energia e
inspiração para ele. Mas o Zé Banana não tinha pressa, demorasse o que
demorasse, ele iria continuar ali e só iria embora do local, quando terminasse de
realizar a sua inspiração.
O Zé Banana nasceu num lar pobre. Seu pai saia todas
as manhãs com um carrinho de mão cheio de bananas. Que colhia na plantação nos
fundos da casa, para vender. Todo mundo já conhecia a sua cantoria “Olha a
banana, olha o bananeiro, eu tenho bananas pra vender”. O pai do Zé só voltava
no fim da tarde, quando o carrinho ficava vazio.
Como o Zé vivia comendo bananas e estava sempre com
uma na mão. Seus amiguinhos lhe deram o apelido carinhoso de Zé Banana. Mas ele
era um artista nato. Tinha uma energia desconhecida, que o levava a fazer
figuras de argila que ganhava na Escola e folhas de papel para fazer desenhos.
Os pais dele perceberam a vocação do menino e
fizeram um esforço com os seus parcos recursos. Matricularam o filho numa
Escola de Belas Artes. O menino Carlos não cabia em si de felicidade por estar
aprendendo a desenvolver a arte que explodia de forma desordenada dentro de si
e só precisava de um professor para pôr as coisas no devido lugar.
Este dom só podia levá-lo à glória de ser um grande artista.
O prêmio viria com o tempo. O Zé tinha tudo e como tinha tudo para ser um
artista famoso, ele conseguiu chegar lá.
Hoje o dia amanheceu com um sol resplandecente e os
bichinhos seus amigos, já estão ali para a visita diária, e o Zé sentiu uma
tristeza profunda por estar de saída. Sua obra está terminada e parece que o
macaquinho dizendo, uuáá, uuáá, e o papagaio curupaco paco curupaco paco, admirados,
estão aprovando a arte.
Nos anos vindouros o Zé Banana, que de banana não
tem nada, vai atingir os píncaros da glória e sua obra prima tão valiosa
provavelmente valerá milhões de dólares.
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