Presente
pra toda gente
Helio F. Salema
Claudinha adorava receber e dar presentes. Quando ia à rua sempre parava em alguma loja. Observava, minuciosamente, cada objeto, e chegando em casa anotava num pequeno caderno os detalhes. Nas conversas com as amigas prestava muita atenção no que elas diziam sobre o que ganharam. Analisava cada informação que, posteriormente, seria incluída no caderno.
Quando necessitava presentear, a escolha era, cuidadosamente, depois de muito consultar suas anotações. Com toda certeza o presente agradaria. Normalmente, provocava uma reação espantosa a quem recebia, e às outras pessoas também.
Um dia uma grande amiga lhe perguntou como que ela conseguia escolher tão bem, já que para muitos, era uma tarefa difícil. Depois de hesitar bastante, resolveu revelar aquilo que na realidade nunca pensou em guardar como segredo. À medida que amiga folheava o caderno ficava mais admirada pelo que via. Claudinha explicou como conseguiu reunir tudo aquilo, então a amiga pensou e resolveu perguntar se ela daria sugestões às outras pessoas. Novamente, hesitou um pouco, mas concordou. Assim as outras amigas sempre que precisavam comprar presente primeiro a procuravam. Algumas queriam saber outras informações, onde encontrar, e melhor preço, e isso fez aumentar os itens a serem pesquisados, o que tornou o pequeno caderno insuficiente
Numa das lojas, na qual pesquisava com frequência, uma vendedora lhe perguntou se era para trabalho da escola. Ela disse que não, e explicou a finalidade. Enquanto fazia sua pesquisa a vendedora conversou com a dona da loja. A comerciante com larga experiência vislumbrou uma oportunidade. Foi até onde estava a menina, elogiou a disposição dela em ajudar as amigas, fez várias perguntas, principalmente, como era o contato entre elas.
Depois de ouvir atentamente, se colocou à disposição para
entregar farto material sobre o que era pesquisado, concluiu dizendo daria
desconto para quem ela indicasse. E uma comissão para ela.
Claudinha saiu da loja contentíssima e ao encontrar alguém logo revelava a novidade. Com isso, passou a receber, diariamente, várias pessoas interessadas.
Num dia, em que atendeu muita gente, estava em sua casa,
Dona Helena, amiga antiga de sua mãe. Vendo todo o trabalho que dava para
folhear, agora um grande caderno, pegar os panfletos e encontrar outras informações
solicitadas, esperou ficar a sós com Claudinha, para perguntar por que não
usava computador, onde teria tudo de maneira mais fácil e rápido. A mãe logo se
apressou para dizer que já havia pensado nisso, mas o que ela recebia de pensão,
como viúva, não sobrava o suficiente para tal gasto. Dona Helena, olhando para
Claudinha, disse que tinha comprado um novo computador e que o antigo ainda estava
funcionando. Ofereceu para que ela o experimentasse. Claudinha olhando para sua
mãe e sorrindo, acenou com a cabeça. A emoção foi tanta que lhe faltaram
palavras. D. Helena a convidou para ir até a casa dela para conhecer o velho
computador.
Muito emocionada foi entrando, com o coração disparando e suando muito, louca para ver o presente que ela tanto desejava sem jamais ter revelado.
D. Helena o colocou numa mesa, ligou e pediu que ela sentasse
na cadeira em frente. À medida que a tela do computador ia se alternando mais e
mais emoção. Cada explicação era absorvida com facilidade, como se na
imaginação das meninas, a muito aquilo lhe era familiar.
No mesmo dia estava o computador funcionando na casa da Claudinha. Poucas vezes ela precisou da ajuda de Dona Helena, que embora estivesse sempre à disposição, no entanto, as necessidades da Claudinha estavam aquém da capacidade de Dona Helena.
Passava várias horas consultando, pela internet, os mais variados artigos de presentes. Cada dia aumentava não só a quantidade como também a qualidade das anotações.
Certo momento, percebeu que seus conhecimentos de informática não eram suficientes para atender as necessidades do seu, agora, projeto comercial. Passou, então, a frequentar cursos de programação, adquirir livros, e se relacionar com pessoas que tinham interesses semelhantes. Sua vida de menina de colégio foi-se transformando.
Finalmente, depois de muita dedicação conseguiu criar o aplicativo
“cadernodepresentesdaclaudinha”
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