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quarta-feira, 23 de maio de 2018

PRISÃO DA MORTE - Henrique Schnaider



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PRISÃO DA MORTE
Henrique Schnaider


A prisão de San Quentin é de segurança máxima, apesar disso, vários presos conseguiram empreender fuga dali com sucesso.

Sempre vigiados por vinte e quatro horas, engenhosos, conseguem ludibriar as autoridades, comunicam-se entre si, passam objetos uns aos outros, provocam rebeliões sanguinárias, fugas espetaculares.

Apesar do ambiente péssimo, os presidiários fazem de tudo para tornar as coisas mais amenas, procuram se manter alegres, enfeitam as celas, afastando o pesadelo de uma morte triste.

Rui depois de cinco anos, preso por assalto seguido de morte, tinha uma ideia fixa, fugir dali para sempre, tendo certeza que nunca encararia  a hora fatal da execução.

O rapaz pensava, como vou aproveitar cada minuto, quando estiver livre, farei tudo aquilo que não fiz antes de cair em desgraça.

Estudou minuciosamente, cada detalhe dos costumes dos guardas, de todo o sistema de segurança e de vigilância da prisão, concluindo que a madrugada era o melhor horário para realizar o plano de fuga.

Sem pressa, fabricou uma chave falsa, porem não conseguia abrir a cela, falhou no seu intento, tornando a fuga inviável.

Imaginou outro meio de obter sucesso na empreitada, conseguiu fazer uma lima com restos de coisas escondidas, pois tinha todo tempo do mundo para ir juntando.

Aos poucos conseguiu romper a trava da cela. Finalmente em uma madrugada gelada, escapou, morrendo de medo do fracasso.

Saiu se esgueirando, aproveitando a escuridão, pensando, desta vez vou conseguir.

Tudo estava dando certo, ansioso suava frio, será que fracassarei, espero que não, sou inteligente, mais esperto do que eles, vou rir muito, por conseguir ludibria-los.

Rui conseguiu chegar aos muros da prisão, silencio tumular em volta, já enxergava o mundo delicioso da liberdade.

Começou a escalar o obstáculo, com uma certa facilidade, um salto, sentia-se com asas ao pular para o lado de fora do presidio.

De repente, luzes, guardas por todos os lados, incitando seus mastins ferozes para cima do indigitado rapaz, que viu seus mais dourados sonhos desfeitos, fracasso era a única coisa, que Rui conseguia pensar, só de imaginar voltando para a cela, preferia morrer ali mesmo.

Poucos meses depois, findaram todos os recursos. Chegado o dia fatal da execução, Rui fez a ultima refeição, preparando-se para morrer.

Levaram o jovem para a sala do horror, colocaram as amarras nos braços, pernas, pescoço e cabeça, o guarda foi ligar a cadeira elétrica.

Um grito veio de fora, suspendam tudo, pois atendendo a um último pedido do advogado, o Presidente do País, resolveu conceder o perdão da pena de morte, transformando em prisão perpétua, Rui estava salvo, não morreria, mas amargaria a prisão para o resto da vida.


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