A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quinta-feira, 8 de março de 2018

JOÃO VALENTÃO - Henrique Schnaider



Imagem relacionada

JOÃO VALENTÃO
Henrique Schnaider


Os anos se passaram e João Teodoro, casou-se com uma das mais belas moças de Itaoca, Jussara. Formou uma bela família de três filhos, dois homens e uma linda garota. Tinha como sogro, o prefeito da Ernestinho Veiga, político corrupto, venal e perigoso, pois mandava seus capangas matarem os adversários, não só políticos como, qualquer um que tivesse coragem de se indispor contra ele.

A autoridade de João sobre a cidade era indiscutível, a ponto de os cidadãos de Itaoca passarem a temer a figura do Delegado, e já havia um burburinho, entre as pessoas tramando a demissão da autoridade máxima do Município.

João e Ernestinho se entendiam, cada vez melhor. O Delegado, começou a dar cobertura a todas atividades ilícitas do sogro, desovando cadáveres em valas sem nome, daqueles que eram assassinados pelos capangas do Prefeito.

Certa noite, destas que as pessoas têm medo de sair de casa, escura como breu, com raios cruzando os céus durante a chuva, na calada da noite percebiam-se vários homens de aparência sinistra, caminhando em direção a ponte que cruza o Município de Itaoca, carregando o que parecia ser, vários corpos inertes, possivelmente assassinados pelos capangas de Ernestinho.

Os suspeitos atiraram os corpos de cima da ponte no rio. No dia seguinte, cinco corpos de pessoas barbaramente assassinadas, são encontrados, boiando no rio.
A cidade toda, ficou em polvorosa, o assunto era só esse, todo mundo revoltado com as coisas horríveis que aconteciam, transformando, Itaoca, em lugar sem lei.

Os cidadãos, se uniram em grande número, dirigindo-se a delegacia, estavam furiosos, exigiam que a Justiça fosse feita com a prisão daqueles jagunços, os quais, faziam o que bem entendiam na cidade, como se fossem donos da mesma.

João Teodoro recebeu a multidão enfurecida, na porta da Delegacia, encarou a todos, sem demonstrar nenhum receio, enfrentando-os de peito aberto e de armas nas mãos, acompanhado dos jagunços de seu sogro, que também estava ali, desafiando as pessoas, querendo impor ambos, a lei do silêncio.

A turba enfurecida, também não se intimidou e avançaram sobre João, Ernestinho e os capangas, a confusão foi geral, transformando-se numa tremenda carnificina.

João, furioso atirava para todos os lados. A esta altura, dezenas de pessoas já mortas e outras gravemente feridas.

O Delegado que sempre se mostrou, uma pessoa extremamente decente, agora não passava de um facínora sanguinário, um valentão que a tudo enfrentava, cruel, sem o menor sentimento de culpa com a tragédia acontecida.

João e seu sogro estabeleceram a lei do silencio, de recolher aos habitantes de Itaoca, ninguém podia pcolocar os pés para fora de casa. O horror, o medo tomaram conta da cidade.

As pessoas procuravam conversar, achar alguma solução para aquela situação, já que nem sequer era permitida a entrada ou saída de quem quer que fosse, até as ligações foram cortadas. Assim começaram a faltar os gêneros de primeira necessidade.

João Teodoro parecia possuído, com tamanha crueldade de ser indigno, em que se transformara.

Os dias de horror prosseguiam, até que finalmente, depois de um mês nesta situação de pavor, João Vintém como era conhecido um moleque que vivia abandonado nas praças da cidade, conseguiu furar o cerco sem chamar atenção, se dirigiu até a cidade mais próxima bem maior que Itaoca, foi até a Delegacia de polícia de Inhaúmas, denunciou ao Delegado Gentil, tudo o que estava acontecendo.

O Delegado comunicou os fatos relatados, ao comando da Policia Militar da capital, e ao Governador do Estado.

Tropas chegaram a Itaoca, invadiram o quartel general de João Teodoro e Ernestinho Veiga, ambos, foram presos depois de uma certa resistência, juntamente com seus jagunços. Foram removidos para capital onde pagariam na cadeia por muitos anos por todos os crimes cometidos contra a população.

Todos os cidadãos se reuniram na maior praça da cidade, fizeram um acordo para que o novo Delegado fosse uma pessoa digna e alguém da confiança de todos.

João Vintém se transformou no herói da cidade, foi adotado pela Prefeitura que iria dali para frente, dar moradia, custear seus estudos e educação.

Assim, a paz voltou a reinar naquele fim do mundo, onde Itaoca existia. Logo João Teodoro, bandido e traidor, facínora, foi esquecido por todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...