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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O contador de histórias - Henrique Schnaider


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O contador de histórias
Henrique Schnaider


John era um contador de histórias, as mais malucas possíveis.

Os habitantes da Vila Gasadalur, costumavam se reunir em volta fogueira que crepitava toda noite e ouviam as histórias que John contava com tanto entusiasmo,  e por mais absurdas que fossem as aventuras, todos atentos ouviam com a maior credibilidade.

Uma noite fria John chamou todos para próximo da fogueira e disse que iria contar uma história vivida  alguns anos atrás.

Contou que um dia ele saiu para alto-mar com seu barco vermelho que rangia de encontro com as ondas que chegavam à arrebentação e lutando bravamente, finalmente ganhou o alto-mar.

Quando tinha navegado mar adentro por duas horas, parou o barco e fez-se o silêncio quebrado apenas pela marola batendo.

Calmamente John preparou sua tralha de pescaria.  Escolheu a linha mais resistente, desta vez traria um peixe grande.  Arremessou-a para longe.  

Fumava  cachimbo e se lembrava de histórias passadas, enquanto aguardava algum sinal na  linha, quando de repente a vara vergou completamente. O velho pescador emocionado pensou que desta vez pegou o tão desejado peixe Agulhão.

Durante várias horas ele lutou bravamente com aquele peixe que insistia em não se entregar, saltava fora da água e se escondia em maravilhosos mergulhos. A esta altura John já sabia que era o seu tão esperado Agulhão Bandeira, e pelo tamanho e força de resistência, calculou que deveria ter uns sessenta quilos.

Quando o pescador já estava dando sinais de exaustão, pensando que mais uma vez perderia a batalha, finalmente conseguiu trazer aquele peixe para perto do barco.

John, então, percebeu que tinha um problema, já que o Agulhão não cabia no barco. Não titubeou, tratou de amarrar o peixe bem próximo e sem perder mais tempo quebrou o silêncio do mar ligando o motor, e com a máxima velocidade voltou para o porto.

Para seu desespero o trajeto de volta foi cercado de grande pavor. Os tubarões não deram trégua colocando ele e seu peixe em perigo.  Maior surpresa de John foi,  quando chegou ao porto ver que só havia sobrado a cabeça do Agulhão.  

Os nativos ouviram respeitosamente toda a história e depois foram dormir, imaginando a aventura que o velho pescador havia passado.


John ficou sozinho se aquecendo na fogueira dando um sorriso maroto,  pensando em outras histórias que iria contar nas noites frias da Vila Gasaladur.

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