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segunda-feira, 24 de julho de 2017

O Sol da Meia Noite - Rejane Martins

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O Sol da Meia Noite
Rejane Martins


Finalmente a exótica e tão esperada viagem aconteceu para Fernanda. Já havia pesquisado toda diversidade do Alasca. Identificava no mapa estadual os picos estadunidenses mais altos, impossível fazer o mesmo com as geleiras, estima-se um número perto de cem mil, mas os enormes vales cobertos de gelo estavam todos na ponta da língua.
Os frequentes terremotos da região assustavam-na um pouco, afinal não tinha ideia de como proceder, a única coisa que alertaram era para ficar embaixo do batente da porta. Mesmo o temor nestas horas, dava lugar à curiosidade, passear por entre alguns dos cem campos vulcânicos ativos cheirava mistério.
O uso dos biquínis integrantes da bagagem ainda era uma incerteza, mas o devaneio era confortável, idealizar as várias ilhas, os três milhões de lagos, número maior que o dos habitantes. E a faixa litorânea formada pelos oceanos Pacífico, Ártico e pelo Mar de Bering, superior a brasileira, claro que superior somente na extensão, nossas praias não são formadas por pedras ou pela fina areia glacial que mais parece um lodo, dizem ser tão perigosa quanto areia movediça.
Para ela, foi o fenômeno natural não exclusivo a grande atração turística, superando todas suas expectativas pré-concebidas. Desembarcou no começo da tarde, e impaciente se ocupou por várias horas explorando o local. Atribuiu o cansaço ao fuso horário e ao longo período na classe econômica, conferiu o horário para se convencer de que estava na hora de se retirar, não conseguiu concatenar a informação.
Respirou, piscou os olhos bem forte antes de depositá-los novamente no relógio. Vinte e três e quarenta e oito ou onze e quarenta e oito? O sol brilhando, mas não a pino, até questionou sua sanidade refazendo mentalmente as atividades diárias. Sentou-se na praça e admirou por um longo tempo aquela bola incandescente, e percebeu que um pouco antes do crepúsculo a trajetória reiniciava seu movimento ascendente.

Durante a viagem de quatorze dias sem noite, foi difícil adormecer e o humor irritadiço precisou se trabalhado. À noite sentar-se no banco da praça admirar a trajetória noturna do sol era um espetáculo à parte. Uma ocasião conjecturou sobre os desafios especiais que aquela realidade representaria para religiosos como judeus e seus ritos em torno do ciclo noturno, e também para os islâmicos que praticam jejum durante o período de sol no Ramadã.

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