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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O potro manco que virou rei - Dinah R. Amorim


O potro manco que virou rei
Dinah R. Amorim

Mamãe Estrela era rainha do curral,  com tiara e tudo! Respeitada até pelos mais selvagens, precisava deixar um cavalo herdeiro, o que era sua grande preocupação. Necessitava de um vencedor de corridas e saltos, para manter a linhagem, como fora com seu pai e avô.  

Após muitas tentativas, nasce-lhe um macho, de pelo preto e luzidio, mas manco de uma perna. Cresce forte e charmoso, com única dificuldade para  ser futuro rei: capenga.

  Se não puder ser coroado, Mamãe Estrela continuará sem ter para quem transmitir o título, e terá que passar a coroa para um estranho que vença os desafios.  

No entanto havia na região um sábio muito velho que diziam portar uma varinha mágica. Ele era um ancião respeitado, era calado e observador, e com seus poderes já tinha resolvido muitos problemas insolúveis naquela parte do país.

Eis que o ancião decide ajudar.

Quem sabe quando adulto poderá correr, saltar, pular. Iniciou-se então, a difícil tarefa de aprendizagem.

 Apesar de Estrela duvidar dos resultados, ela colaborava no necessário para ter um vencedor na família. Seu filhote talvez continuasse o reinado.  

  Os dias passavam rapidamente, e o pequeno cavalinho corria manquitolando pelas campinas, saltava com dificuldade pequenos obstáculos. E assim, auxiliado pela varinha que portava o velho homem,  tentava salvar o reinado.  Ganhar, finalmente,  a coroa no torneio do reino.

Dias árduos e incessantes de  muito treino se seguiram.

  Até que chegou o tão temido dia da competição. Alguns cavalos de fora, de outros distantes currais, desejavam também aqueles prados verdejantes. Todos alazões de grande porte e muito bem treinados. Seria muito fácil ganhar daquele potrinho manco, cor do Ébano, como o chamavam. Já era tempo de Estrela passar a coroa.

O mago ancião, persistente, acostumado a acreditar e ver acontecerem milagres, apostava em Ébano, e na tradição de Estrela.

  Alinhados na chiringa, Ébano analisava os outros competidores, e não os temia. Dada a largada, todos saíram em disparada. Galopavam e saltavam, até o a linha final.

 Surpreendentemente,  Ébano já acostumado a pular com a melhor perna, nos treinos sucessivos com o ancião, saltava com muita facilidade, o que não acontecia com os outros. Perdia um pouco no galope, mas ganhava na altitude e agilidade. Seu treino eficiente lhe valia pela deficiência. Atingiu logo o ponto de chegada, antes de todos os outros.


  Muito aplaudido, recebeu com honra a tiara da mãe emocionada. O mago, com leve sorriso, sorrateiramente, se retirou para sua caverna!

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